Brasília completa neste dia 21 de abril 52 anos de sua fundação. Especialmente criada para abrigar o centro do poder e a primeira e única cidade totalmente planejada no país. A terceira capital do Brasil inaugurada pele presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, Brasília sucedendo Salvador e Rio de Janeiro, porém a história da atual capital federal começou há bem mais tempo.
O início – O “sonho feliz de cidade” aconteceu em 1883, na cidade italiana de Turim, quando o padre salesiano João Bosco teve um sonho profético de que a capital do Brasil deveria ser construída entre os paralelos 15 e 20. Em 1810 veio a ideia de fixar o governo do Brasil no interior, por motivos de segurança, a capital ficasse longe dos portos e de áreas de mais fácil acesso de possíveis invasores. Com a promulgação da Constituição de 1891, o artigo 3º determinava a demarcação de uma área de 14 mil km², no Planalto Central, para onde seria transferida a futura capital do País.
Missão Cruls – Em 1892, foi feita uma expedição da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil liderada pelo astrônomo Luís Cruls. A Missão Cruls construiu quatro marcos na região, denominado de “Quadrilátero Cruls” e durante sete meses, vários geólogos, médicos, botânicos, entre outros percorreram mais de 4 mil quilômetros pesquisando minuciosamente a região, mapeando fauna, flora, recursos naturais, topografia, entregando o resultado em um relatório no ano de 1894.
Poli Coelho – Finalmente em 1946 o sonho de Dom Bosco começou a sair do papel e foram tomadas providências para a transferência da Capital. Com a Constituição promulgada em 1946, um novo estudo sobre região foi feito e em 1948 o presidente Eurico Gaspar Dutra nomeou a Comissão Poli Coelho e dois anos depois vem a conclusão de que a área demarcada pela Missão Cruls era a ideal para a nova capital. O presidente Café Filho, em 1955, delimitou uma área de 50 mil km² e eis enfim o Distrito Federal.
JK – Em 1956 o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira começou enfim o processo de instalação da nova capital e veio pela primeira vez ao Planalto Central. A equipe do urbanista Lúcio Costa e o grupo de arquitetos encabeçados por Oscar Niemeyer se credenciou para projetar Brasília, após vencerem um concurso e em pouco tempo já entregavam os desenhos de prédios públicos e grande parte dos residenciais.
Plano Piloto – Lúcio Costa traçou dois eixos cruzados, chamados de Rodoviário e Monumental. O Eixo Rodoviário abrigaria as áreas residenciais e seu traço foi levemente arqueado, dando a forma de um avião. Nasciam a Asa Norte e Asa Sul. Já o Eixo Monumental foi planejado para as autarquias e monumentos, sendo que ao lado leste ficariam os prédios públicos e palácios do governo, no centro a Rodoviária e a Torre de TV e a oeste, os prédios do Governo do Distrito Federal.
Tijolo por tijolo – Após o trabalho de homens e mulheres vindos de várias regiões do país para erguer a cidade, em 21 de abril de 1960 foi inaugurada a nova capital do Brasil. Com a migração para a nova promessa de vida, surgiram cidades dormitórios em torno do Plano Piloto, chamadas de cidades satélite. O projeto urbanístico de Lúcio Costa previa 500 mil habitantes, porém em 2010, o censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a cidade tem hoje uma população de 2.562.963 de habitantes, sendo a quarta mais populosa do país.
Aos 52 anos… – Ao completar 52 anos, Brasília tem a missão de manter o título de Patrimônio Histórico e Universal da Humanidade, como foi declarado pela Unesco em 1987. No mês de março, a cidade recebeu a visita de especialistas que vieram verificar como está a preservação do projeto urbanístico da cidade, 11 anos após a última missão. A visita foi solicitada pelo Centro do Patrimônio Mundial da Unesco, em Paris, que recebeu denúncias de agressões à concepção da cidade e em junho de 2011 definiu a missão de verificação dos problemas que comprometem o projeto original e ouvir as explicações de representantes do governo do DF e do governo federal.
A missão deve entregar um relatório ainda neste mês de abril, com a análise do desenvolvimento do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico, descrição de como está sendo feita a proteção da área tombada, como está o processo de regularização do comércio, principalmente na Asa Sul, onde há irregularidades como os puxadinhos e invasões a áreas públicas, além de uma análise do impacto dos projetos para a Copa de 2014 e até o projeto do Plano Diretor de Ordenação Territorial (Pdot). É este relatório que irá nortear a decisão de manter ou retirar Brasília da lista do Patrimônio Mundial, em junho, pelo Comitê do Patrimônio Mundial em sua 36ª Sessão, em São Petersburgo, na Rússia.
Nossa homenagem – Ao homenagear a cidade em seu 52º aniversário de fundação, a equipe do Câmara em Pauta deseja que a cinquentona Brasília consiga a maturidade suficiente para superar os problemas e, além de continuar como patrimônio tombado, consiga abrigar as mudanças de rumos da história política deste país e viver cada dia mais a máxima “Ordem e Progresso”.