Comerciante teria pago R$ 100,00 por crime higienista em Santa Maria

Publicado em: 07/03/2012

 

 

Higienização ou limpeza social é o termo usado para definir as ações que buscam a eliminação de elementos sociais considerados “indesejáveis”. O comerciante Daniel de Abreu Lima foi preso pela polícia de Santa Maria nesta terça (06), acusado de pagar pela eliminação de dois moradores de rua (veja matéria), que segundo ele, estariam prejudicando seu comércio. Também foram presos Lucas Júnior Araújo e Sá, o Lucão, Edmar Pereira da Cunha Júnior, o Juninho, além de Gervanio Balbino de Oliveira.

A polícia chegou até os três detidos após a prisão de Daniel Douglas Cavalcante Cardoso, que confessou participação no crime e entregou os demais integrantes do grupo para ser beneficiado com delação premiada e responderá ao processo em liberdade. Ele era militar da Força Aérea e fui expulso, após o Comando da FAB ser informado do envolvimento dele na ação. Dois adolescentes ainda estão em liberdade, mas devem prestar informações na Delegacia da Criança e do Adolescente.  Todos os envolvidos são moradores da quadra 516 de Santa Maria.

Em entrevista coletiva, o delegado-chefe da 33ª Delegacia de Polícia, Guilherme Nogueira afirmou que de acordo com as investigações, Lucão teria jogado o combustível sobre os mendigos e Juninho teria riscado o fósforo sobre as vítimas. Guilherme teria informado que Daniel de ofereceu R$ 100 para Edmar Júnior “se livrar” dos moradores de rua, Paulo Cezar Maia, José Edson Miclos de Freitas. Além disso, o comerciante teria deixado uma garrafa de amaciante com combustível e uma caixinha de fósforo no local do crime. Segundo Guilherme, os adolescentes não participaram do crime, mas acompanharam toda a ação, o que os torna cúmplices.

O crime – No último dia 26 de fevereiro em Santa Maria, Edmar e os outros suspeitos foram até a região onde os mendigos viviam, na quadra 516 e colocaram fogo em um sofá e depois foram embora. Ao perceber que as vítimas conseguiram apagar o fogo e não saíram do local, Daniel teria ido até um posto, comprado mais combustível e voltado com os outros envolvidos até a quadra 516, onde atearam fogo nas duas vítimas, enquanto o comerciante acompanhava a ação higienista observando de uma esquina.

José Edson morreu horas depois, com 63% do corpo queimado e Paulo Cezar ainda está internado em estado grave no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN).

Ficha dos suspeitos – Edmar tem passagem na polícia por furto qualificado e corrupção de menores. Lucas, por lesão corporal e foi enquadrado pela Lei Maria da Penha e Daniel já assinou termo circunstanciado por maus-tratos. Todos irão responder por duplo homicídio qualificado, um consumado e uma tentativa e podem pegar de 12 a 30 anos de prisão, se condenados. Além desses crimes, Daniel responderá por corrupção de menores e com isso a pena pode ter de um a quatro anos de acréscimo.

Imagem, reprodução DFTV.

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