Uma parte da ilha de Curupu, de propriedade da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está à venda, por R$ 20,2 milhões. A ilha maranhense fica a aproximadamente 20 quilômetros do centro de São Luís, a capital do Estado. O negócio foi anunciado pelo radialista Gustavo da Rocha Macieira, que é sobrinho do casal José Sarney e Marly Macieira Sarney. Dos 16 milhões de metros quadrados, 12,5% da ilha da ilha estão à venda.
São três ilhas em um complexo. A maior é Curupu e é lá que estão construídas as mansões dos filhos de Sarney. Trata-se de uma área com mangezais e dunas que fazem parte dos Lençóis Maranhenses. A ilha paradisíaca é um dos símbolos do poderio econômico da família Sarney.
A parte à venda era de Cláudio Macieira, o falecido pai do radialista. A ilha pertencia ao pai de dona Marly, Carlos de Pádua Macieira e seus irmãos, todos médicos. O casal Sarney doou 75% da propriedade aos três filhos – Roseana Fernando e Sarney Filho. Os outros 12,5% pertencem ao espólio de Roberto de Pádua Macieira, outro irmão da dona Marly, que é a inventariante.
Marketing – O vendedor avisa que “Tem gado que nunca viu gente, selvagens, criação de carneiros de raça, excelente para pesca. A praia virgem tem uma extensão de oito quilômetros. É um espetáculo!”. Ele justifica a venda a partir do fato de se manter distante da família, pois mora na Europa. “Eu preciso me capitalizar e não tenho nenhum vínculo lá com o Maranhão, nenhum negócio com a família. Então não tenho interesse em manter uma propriedade dessas.”
Macieira conta que chegou a procurar o tio em Brasília para informá-lo da decisão e mais de um mês depois não houve retorno do contato. “Aí fiz a comunicação como manda a lei através do cartório, dando a preferência de compra a cada um dos herdeiros e ao espólio do Roberto, irmão do meu pai. Agora eu estou livre para vender para quem eu quiser. Eu, como meu pai, sou totalmente independente. Não tenho nenhuma ligação com cargo público, nem pretendo ter, não sou empreiteiro”.
Censura – Macieira diz estar ciente de que sua iniciativa poderá gerar represálias e relata que teve dificuldades em anunciar no jornal O Estado do Maranhão, que pertence ao grupo de comunicação da família Sarney. O anúncio, conforme o radialista, foi publicado, mas as imagens das casas e imóveis da ilha foram vetadas. “Isso é censura”, protestou. “É uma forma de represália.”
Procurado, o presidente do Senado disse, por meio da assessoria, que não iria comentar o assunto.
Foto da Agência Senado. Informações, O Estado de São Paulo.