Não só o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) é alvo de inquérito. A família dele também está sendo investigada. Além do envolvimento do governador em suposto esquema de desvio de verbas do Ministério do Esporte, a Polícia Federal e o Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (NCOC) do Ministério Público do DF investigam o aumento do patrimônio da mãe, irmãos e outros membros da família.
A denúncia foi publicada nesta sexta (09) no site da Revista Isto É. De acordo com a reportagem, para os delegados e procuradores é inverossímil que a família de uma pessoa que sempre enfatiza a origem humilde, passe a ter um patrimônio calculado em mais de R$ 10 milhões em três anos. A reportagem assinala que de acordo com as investigações, o surgimento do que os investigadores chamam de “Império dos Queiroz” teria se dado entre o início de 2008 até setembro deste ano.
De acordo com os primeiros levantamentos da PF, os familiares do governador não teriam fontes de renda para justificar negócios como a compra de quatro franquias de restaurantes, da mais importante confeitaria de Brasília, além de carros de luxo, apartamentos e uma fazenda de gado em Goiás. O MP-DF e a PF suspeitam da utilização de familiares, para “esquentar” o dinheiro desviado do GDF.
O atual governador do DF daiu do ministério do Esporte em 2006 e se tornou diretor da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), de onde saiu em 2010 para concorrer ao governo da capital do País. Hoje (10) pela manhã ele falou à imprensa e negou as acusações, afirmando que irá “processar a revista e o escriba”. Ontem (09) à noite, o Palácio do Buriti divulgou uma nota, classificando a reportagem como sórdida.
Família empreendedora – O primeiro parente de Agnelo investigado pela PF é Ailton Carvalho de Queiroz, 51 anos, irmão mais novo do governador e ex-vigilante, que em 2008, quando trabalhava na área de inteligência do Supremo Tribunal Federal foi o responsável pela elaboração de um relatório que indicava a suposta existência de grampos contra ministros do STF. Logo depois, ele se licenciou do trabalho em seguida teria investido R$ 200 mil numa locadora de veículos no Guará. A empresa é administrada pelo filho Yuri, que aos 23 anos de idade e renda presumida pelo Serasa de R$ 1,1 mil, possui quatro veículos de luxo.
Em maio passado, junto com a irmã mais nova de Agnelo, Anailde Queiroz Dutra, Aílton investiu quase R$ 800 mil em uma franquia de fast-food, no principal shopping do Plano Piloto. Além da Torteria, Anailde e o marido, Rui Dutra seriam proprietários de duas franquias de uma rede de fast-food, que custam em média R$ 350 mil cada. Ambas teriam sido adquiridas em 2008 e estão em dois shoppings localizados na região central da cidade. Anailde, formada em economia em Salvador, teria tentado concursos públicos sem sucesso. O valor total do investimento em apenas um dos shoppings pode chegar a R$ 1 milhão, segundo avaliações do mercado.
Uma das franquias foi comprada por Anailde em sociedade com outra irmã, Anaide Carvalho de Queiroz, 58 anos, que vendeu sua parte para Rui Dutra. De acordo com o Serasa, a renda mensal de Anailde gira em torno de R$ 1,7 mil, enquanto a de Anaide chega a R$ 1,8 mil. Já os rendimentos da matriarca Queiroz, Alaíde, na mesma base de dados, é de aproximadamente R$ 1,2 mil.
Família Latifundiária – A família Queiroz também tem expandido os domínios fundiários, de acordo com a Isto É. Em setembro de 2012, Anailde Queiroz Dutra adquriu a vista, a Fazenda Cachoeira, com 560 hectares em Água Fria de Goiás, a 170 km de Brasília. O imóvel foi registrado no cartório local por R$ 800 mil, mas segundo apuração da PF, a compra teria sido feita por R$ 1,8 milhão, não por Anailde, como consta na escritura, mas pelo irmão Ailton Carvalho de Queiroz.
Investigações – A PF também está investigando o fato de que as franquias, antes de irem para a família de Agnelo, foram compradas por Glauco Alves e Santos e Juliana Suaiden Alves e Santos, mesmo casal que vendeu a mansão em que Agnelo mora hoje com a primeira-dama Ilza Maria.
Os investigadores descobriram ainda que logo depois da venda da casa em 2007, Glauco passou a atuar na Anvisa por meio de consultorias. Agnelo tornou-se diretor da agência no mesmo ano e, recentemente, foi acusado de receber propina para beneficiar uma empresa do setor. A suspeita é de que Glauco e Juliana emprestaram os nomes para a compra das franquias, para repassar as propriedades aos Queiroz, recebendo um outra franquia na Asa Sul e uma cafeteria no Sudoeste, como pagamento.
Não sabem nada – Agnelo afirmou à reportagem de Isto É, através de sua assessoria, que desconhece a investigação e Glauco Alves pediu tempo para pensar ao ser abordado. Já Ailton, o irmão mais novo de Agnelo, reagiu com agressividade ao contato e disse que nunca fez negócios com o irmão ou com o governo e teria feito ameaças, dando a entender que sabe onde o repórter mora e até a marca da motocicleta que usa no dia a dia.
Buriti – Ainda ontem (09)à noite, o Palácio do Buriti divulgou nota oficial, sobre a reportagem “A Próspera família de Agnelo”. Confira na íntegra.
Em relação à reportagem “A próspera família de Agnelo”, publicada na edição 2196 da revista Istoé:
De todas as tentativas criminosas de atacar a imagem do governador Agnelo Queiroz, esta é a mais irresponsável e repuganante, ao desrespeitar seus familiares, e principalmente sua mãe, com mentiras grosseiras e sem relação com a realidade.
A reportagem sonega informações esclarecedoras, descumprindo o dever jornalístico, ao construir um texto mal intencionado e mentiroso, que está a serviço de um consórcio criminoso. Usa falsos fundamentos que escandalizam pela falta de ética jornalística.
A matéria traz valores irreais de renda e patrimônio. O governador Agnelo Queiroz repudia a invasão à vida de seus familiares como forma de ataque político, em ação sem escrúpulos.
A revista e o repórter serão processados.
A matéria está a serviço da velha conspiração contra a renovação dos costumes políticos no Distrito Federal. Mais uma tentativa de forjar uma denúncia que vai ser desmascarada.?
Brasília-DF, 09 de dezembro de 2011
Com Informações da Isto é e foto da Agência Brasília.