A ex-senadora e candidata derrotada à Presidência da República Marina Silva divulgou nesta quinta-feira, 24, uma carta com críticas à direção de seu partido, o PV. Acusa-a de não honrar compromissos de democratização interna assumidos quando se filiou ao partido no ano passado e renovados na campanha presidencial. “Se deixarmos de lado a renovação política dentro do partido, acabou-se a moral para falar de sonhos, de ética, de um mundo mais justo e responsável com o meio ambiente”, diz.
É a primeira vez que a ex-senadora, que ficou em terceiro lugar na corrida presidencial, com 19,6 milhões de votos, expõe publicamente – e em tom enérgico – seu descontentamento com a direção do PV, com a qual vem tendo confrontos internos há meses. Sua reação foi desencadeada pela recente decisão da executiva nacional do partido de não realizar convenção e eleição neste ano, como havia sido combinado, ampliando o próprio mandato até 2012.
Para a ex-senadora, a decisão da executiva “vai na contramão do que foi dito na campanha e do compromisso feito perante o País”, além de representar a supressão “da pouca democracia ainda existente” no PV.
Sem citar nomes, o texto ataca de maneira inequívoca o presidente do partido, deputado José Luiz Penna (SP), que está no cargo há 12 anos e é conhecido sobretudo pelo estilo pragmático com que conduz a legenda. A ex-senadora afirma que o novo jeito de fazer política que ela defende “requer enfrentar a crise geral pela qual passam os partidos, que, de instrumentos de representação e avanço social, cristalizaram-se como máquinas burocráticas, amorfas e voltadas para a conquista do poder pelo poder, muitas vezes não importando os meios, e abandonando a disputa programática pela simples disputa pragmática”.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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