O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, informou que a sua filha e deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) vai assumir o ministério do Trabalho. Ele se reuniu hoje (3) com o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu e disse que o nome de Cristiane Brasil “surgiu” durante a conversa e não foi uma indicação dele próprio.
A nomeação foi confirmada pelo Palácio do Planalto. Segundo nota à imprensa, a definição de Temer ocorreu após “indicação oficial feita pelo PTB”.
“Eu vim discutir outros nomes, estávamos pensando em três [outros deputados]. Aí roda pra cá, roda pra lá. Então se falou: ‘Roberto, e a Cristiane? Por que não?’ Aí foi da cabeça do presidente: ‘Ela é uma menina experimentada, foi secretária municipal em vários governos na cidade do Rio de Janeiro’. Eu falei: ‘presidente, aí o senhor meu surpreende, vou ter que consultar”, afirmou Roberto Jefferson.
Segundo ele, após a consulta e a aceitação, Cristiane Brasil concordou em não disputar as eleições deste ano. “Ela ficará ministra até o final [do governo de Temer]”, afirmou. Roberto Jefferson disse ainda que o líder do partido na Câmara, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), também concordou com a nomeação e disse que ela tem a “confiança” da bancada.
Durante entrevista a jornalistas em que anunciou o nome da filha para o cargo, Roberto Jefferson, que foi protagonista e o primeiro delator do mensalão há pouco mais de dez anos, se disse emocionado. “É um resgate da imagem, da família. Depois do que aconteceu, mas já passou. Fico satisfeito”, afirmou, com a voz embargada.
Ronaldo Nogueira deixou o ministério no último dia 27 para se candidatar a um cargo eletivo no pleito deste ano. Para concorrer a cargos eletivos a nível nacional, ministros de Estado precisam se afastar do cargo com seis meses de antecedência. Após o convite ao deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) não ter sido confirmado devido a resistências do PMDB do Maranhão, Roberto Jefferson disse que o “imbróglio acabou”. “Não há conflito no PTB, há uma relação muito boa entre mim, os líderes no Senado e na Câmara. A bancada é unida”, disse.
Acusações
A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) é acusada de receber pessoalmente pagamento em espécie, no valor da ordem de R$ 200 mil, em doação não declarada – caixa dois – para sua campanha a vereadora, em 2012. A afirmação consta de depoimento feito por Leandro Andrade Azevedo, ex-diretor superintendente da Odebrecht, ao Ministério Público Federal, no âmbito de acordo de delação premiada.
“Aconteceu que eu estava no dia. E ela [Cristiane Brasil] mesmo foi retirar esse dinheiro. O que aconteceu foi que o portador nosso demorou a chegar. E ela ficou na antessala do escritório. Realmente nós conversamos. Ela estava lá para pegar o dinheiro”, disse Azevedo, em depoimento.
Segundo ele, no episódio houve um fato “pitoresco”. “Nessa sala, tinha uma câmara de conference call. E ela ficou super incomodada com aquilo, achando que eu estava gravando”, contou.
Azevedo acrescentou ainda que, quando o portador chegou com a quantia, “ela pegou esse valor. Ela estava com uma mochila. Botou [a quantia] na mochila e saiu”.
O ex-executivo destacou que o pagamento para Cristiane foi feito a pedido do atual deputado federal Pedro Paulo (PMDB-RJ), na época responsável pela campanha de reeleição de Eduardo Paes à prefeitura do Rio de Janeiro.
Votou a favor do impeachment de Dilma e rejeitou denúncias contra Temer.
Na disputa presidencial de 2014, Cristiane apoiou o senador Aécio Neves (PSDB) para o Palácio do Planalto. No dia da votação do segundo turno, a deputada recém-eleita foi detida por fazer boca de urna para o candidato a presidente no Rio de Janeiro.
Assim como o pai, preso por corrupção, Cristiane defendeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Presidente do partido em 2016, Jefferson foi um dos políticos apoiadores para que o então vice-presidente Temer assumisse o lugar de Dilma. ” “Homem sério e equilibrado”, afirmou, à época.
Cristiane se manteve como apoiadora de Temer no momento de maior turbulência do mandato do presidente esperando a hora de tirar alguma vantagem. A deputada votou a favor da rejeição das duas denúncias apresentadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o peemedebista. Ela também se manteve fiel a Temer na defesa da reforma trabalhista.
A hora de tirar vantagem chegou. E os trabalhadores…coitados!
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Agência Brasil e Valor Econômico e UOL