Xô Nuclear! Este é o lema que estamos reafirmando agora, ao lançarmos esta petição ao presidente Lula para barrar a renovação da licença de operação da usina nuclear Angra 1 (que acaba em dezembro próximo) e a conclusão de Angra 3. Afinal, já passou da hora de admitirmos que o Brasil não precisa mais destas usinas como instrumento de segurança energética, segundo técnicos do próprio governo.
O especialista em planejamento e segurança energética Nelson Hubner, principal conselheiro de Lula para energia, por exemplo, defende o enterro de Angra 3, pra não jogar mais dinheiro fora. Hubner assumiu (2023) assento no conselho de administração da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A (ENBPar), controladora da Eletronuclear (responsável por Angra 1, 2 e 3), decidido a convencer Lula a desistir da obra, que já consumiu R$ 8 bi em 40 anos. Precisará de mais R$ 20 bi para ficar pronta. Ele considera “insano” investir em Angra 3.
O GOVERNO ESTÁ PRESTES A DEFINIR O FUTURO DE ANGRA 1 E ANGRA 3
O destino de Angra 3 – alvo de estudo de viabilidade técnica pelo BNDES – pode sair a qualquer momento! Por isto, precisamos do seu apoio para esta petição que tem também o objetivo de retornarmos ao presidente Lula e às autoridades responsáveis pelo Programa Nuclear Brasileiro para reafirmar as reivindicações que fizemos dois meses atrás em carta aberta, assinada por mais de 200 entidades e pessoas. Nela relatamos os principais prejuízos socioambientais do ciclo produtivo de energia atômica.
Em relatório de abril deste ano, sobre o estudo do BNDES relativo do Projeto Angra 3, o TCU aponta um custo médio excedente para os consumidores da ordem de R$ 43 bilhões, em termos reais, quando confrontadas outras alternativas de geração. Isto significa que o custo da nuclear será três a cinco vezes maior que o da eólica, solar e hidrelétrica. Assim, o atual programa do governo federal, que visa reduzir o valor da tarifa de energia elétrica, ficará fatalmente comprometido, quando a nuclear prevista entrar no sistema.
Vale a pena gastar tantos bilhões com uma fonte – cara, poluente e perigosa – que responde apenas por 1,1% da energia brasileira e aumentará nossa conta de luz? O governo não pode continuar seduzido pelo “canto da sereia” dos nucleopatas de que nuclear é solução para o aquecimento global, até porque as mudanças climáticas podem afetar severamente instalações nucleares. Mais sensato é renunciar ao uso da tecnologia nuclear para produzir eletricidade.
É urgente que o governo promova a revisão do caráter autoritário da legislação nuclear, que tenta minimizar a insegurança em radioproteção, a incompetência da indústria nuclear e os danos inerentes ao processo produtivo da energia atômica. Várias pesquisas mostram que a imprudência técnico-operacional dessa indústria aumenta os índices do adoecimento e morte por câncer de trabalhadores e populações que vivem no entorno da mineração de urânio, impactando gravemente a saúde coletiva de brasileiros.
ASSINE ESTA PETIÇÃO ENQUANTO É TEMPO DE EVITAR UMA TRAGÉDIA!
Angra 1, 2 e 3 têm sido alvos de constantes auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU), que atestam as fragilidades do funcionamento do ciclo de produção de energia nuclear. Segundo relatório do TCU de fevereiro/2024, de 2018 a 2023 foram registrados 198 eventos operacionais em instalações do ciclo do combustível nuclear. Angra 1 e 2 registraram 18, com relato obrigatório (REN1), e 54, não obrigatório, mas de interesse (REN2). No mesmo período, ocorreram 27 “incidentes” de segurança de baixo, médio e alto níveis de gravidade em instalações radioativas no Brasil.
Inaugurada em 1981, Angra 1 foi “batizada” de usina “vaga-lume”. Desligada dezenas de vezes, devido a falhas em dispositivos elétricos, defeitos em equipamentos obsoletos e outros problemas técnico-operacionais, deveria ter sido fechada em 2018. Segundo especialistas, todos os reatores em operação têm falhas de segurança próprias muito graves, impossíveis de solução com atualizações tecnológicas do sistema de segurança.
Apesar dessa contraindicação, a envelhecida Angra 1 vem sendo “remoçada” para durar mais 20 anos. Um questionável projeto de reciclagem já consumiu cerca de R$ 3 bilhões, sem sucesso. Nos últimos 3 anos, os problemas crescem nas instalações nucleares, inclusive com vazamentos de efluentes e gases contaminantes. O depósito do lixo atômico de Angra 1, que permanece radioativo por milhares de anos, chega ao limite até 2028. A guarda definitiva dos rejeitos, inclusive do combustível usado, segue insolúvel. Só este ano Angra 1 sofreu 4 paradas.
Além desta petição, a campanha inclui debates e publicação de artigos trazendo análises de especialistas e ativistas antinucleares sobre as consequências da insegurança, para as pessoas e o meio ambiente, e da falta de controle das atividades atômicas em nosso país. Também requeremos um debate público, democrático, com ampla participação popular, sobre a política nuclear brasileira. Por tudo isso, é importante você aderir a esta petição. A sociedade brasileira não deve seguir convivendo com os riscos da insegurança nuclear e sem radioproteção!
O BRASIL NÃO PRECISA DE ENERGIA NUCLEAR!
Para: presidente da República, ministras do Meio Ambiente, da Ciência, Tecnologia e Inovação; ministros das Minas e Energia, dos Direitos Humanos e das Relações Exteriores; presidentes do Ibama, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, do TCU, do STF e PGR.