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A Carrefour e a máquina de louco: É pra bater, papá!!

Publicado em: 21/11/2020

Por Jailton Andrade:

Como diz a socióloga Vilma Reis, ‘bom dia’ é só um cumprimento.

Acordar no Dia da Consciência Negra com mais uma violência racial, num país governado por um pilantra de marca maior, eleito democraticamente, não é novidade. Mas, por algum motivo, em mim sempre será de dar nó na garganta.

Como se não bastassem os brasileiros que, a cada 45 minutos, desistem de viver; outros que, a cada 10 minutos, são vítimas de mortes violentas, e a COVID-19 ter matado mais de uma pessoa a cada minuto no Brasil, somente no dia 19 de novembro; nestes números, é possível enxergar alguma cor? Se no Brasil tem 55% de negros, eu imagino que 45% destas estatísticas que citei são de não-negros. E se vier algum acadêmico dizer que não-negro não é uma narrativa assim ou assado, que fique lá, “na moral”, na sua academia, que eu fico de cá, parafraseando Gerônimo.

Pois bem. Agora, junte tudo aí. Não são somente 55% de negros e negras que estão morrendo. Até em estados que não tem negros, como sempre se referem ao Rio Grande do Sul, a Carrefour providencia a morte de negros. Mas, nada disso basta. Temos que pegar esses que sobraram vivos neste chão – chão que nos levam todos os dias, seja de petróleo, seja de minério, seja o “alimento tipo exportação” – para pegar essa “galera” e “botar pra lascar”. Tem que vender asfalto mesmo para essa plebe, esse voto de preço vil. Tem que escolher a casa do preto pra cortar a energia, tem que escolher o Amapá pra “Apagá”, tem que espancar o filho da preta, na frente dela e de todo mundo pra mostrar quem manda.

 

Tem que fechar a rua pra que os pretos não passem na frente, por exemplo, da Churrascaria Fogo de Chão em Salvador, assustando os brancos que compravam carne a R$ 100 por pessoa, lá dentro. A carne que o preto vendeu, a carne que não serviu para a exportação. Hoje, nem é mais um restaurante. Quem é de Salvador sabe, que os piquetes de cimento, que estavam lá, transformando a praça pública em varanda privada foi a Transalvador do prefeito neto – caixa baixa mesmo – quem colocou, e retirou assim que a churrascaria saiu.

Tem que invadir uma escola do MST pra tirar as crianças de lá. Afinal, qual a raça que não tem terra no Brasil? Tem que murar o rio, até porque a Marinha não se importa com a fauna, muito menos com os quilombolas do Rio dos Macacos. Aliás, tem até pretos que não se importam.

Quem tem mais valor o preto ou a Carrefour? A criança negra ou o Habib’s?

No caso específico da Carrefour, o tal “Manifesto pela Diversidade” vinha com um tutorial “em carne viva” ensinando o que é errado fazer. Um episódio de racismo que se repete pela sétima vez nessa multinacional. Quantos guarda-chuvas são necessários para manter a Carrefour no Brasil?

Por quantos dias a CARREFOUR vai continuar no Brasil?

Para quantos racistas ela ainda venderá?

Quantos racistas ainda entrarão em suas lojas?

Quantos pretos e quantas pretas ainda vão trabalhar para uma multinacional racista. E se você tiver interessado em ver as cenas da carnificina no Globo, só conseguirá depois que assistir a uma propaganda de empresa similar a Carrefour. Não é chocante?

Aí, você descobre que a segunda maior empresa no ramo varejista do Brasil em 2012, não é brasileira. Ela é a dona do Mackro, do Atakadão e tem postos de gasolina no país. Percebe logo, que o envolvimento de empresas de segurança de militares de idoneidade duvidosa, mas de descompromisso evidente, e contratos que a Carrefour não celebraria na França de onde veio, mas aqui – é costume – afinal quem somos nós? Pretos? Não vem ao caso. O meio ambiente define como devemos ser tratados. Estupro é crime no Brasil, mas não para a Carrefour, essa ilha de leis próprias; essa embaixada francesa no Brasil, que me lembra outra embaixada, a do petróleo.

E, se você continuar interessado no assunto vai descobrir que a Carrefour controla até a frequência com que seus funcionários podem ir ao banheiro. Que seu segurança matou um cão com uma barra de ferro, mas disse que tinha sido atropelado; depois disse que só queria assustar o animal. Nem deve ter pagado a indenização de R$ 1 milhão a que foi condenada pelo crime. E se pagou, que diferença faz para uma empresa que lucrou – eu disse, lucrou – em 2019, R$ 12,7 bilhões com ‘b’ de bola?

E naquele dia 20 de novembro de 2020, Dia da Consciência Negra, o mercado reagiu ao assassinato de João Alberto Silveira Freitas valorizando os ativos da Carrefour em 0,49%. Quem são os animais nessa história? Os cachorros? Eu acho que são os pretos.

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