Após copiar trechos do discurso do ministro nazista Joseph Goebbels em pronunciamento para anunciar uma série de prêmios artísticos do Governo Federal, o secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, foi exonerado. O homem forte do presidente da República para o setor cultural chegou a dizer que a referência fascista em seu discurso foi uma “coincidência retórica”.
A decisão de demiti-lo teria vindo após um posicionamento da cúpula militar do governo, que pediu que Jair Bolsonaro agisse rápido, antes que a crise causada pelo pronunciamento fascista para anunciar planos de governo ficasse fora de controle. Pouco antes de o presidente demitir Alvin, ele chegou a dizer, em um programa de rádio, que falou com Bolsonaro que teria entendido “que não houve má intencionalidade e que eu não sabia a origem da menção”, mentindo para o presidente.
Alvin comentou sobre a conversa com o presidente da República ao programa Chamada Geral da rádio Gaúcha ZH. “Liguei para ele [Bolsonaro] e expliquei a coincidência retórica. Ele entendeu que não houve má intencionalidade e que eu não sabia a origem da menção”, comentou.
Ao falar em “coincidência retórica”, defendeu-se falando em cristianismo. “Eu sou cristão, minha vinculação ao povo judeu é absoluta. Então, peço, humildemente, de todo o coração, perdão às pessoas que se sentiram ofendidas por essa infeliz associação retórica”, se desculpou. “Não há em nosso horizonte nenhuma conexão com o regime nazista”, completou.
Trecho copiado de Goebbels
O trecho do discurso do ministro nazista está relatado no livro “Joseph Goebbels: Uma biografia” (Ed. Objetiva), escrito pelo historiador alemão Peter Longerich. Além da citação, a música de fundo do vídeo é um trecho da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, uma obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.