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Netanyahu deu espelhos ao índio(ta) Bolsonaro!

Publicado em: 30/12/2018

Por Marconi de Souza Reis Israel é um dos países com maior igualdade de gênero do mundo, inclusive um dos primeiros onde a união civil entre pessoas do mesmo sexo tornou-se reconhecida (1993), sendo que o casamento entre gays e lésbicas foi oficializado em 2006, com direito a previdência social, herança e adoção de crianças.

As paradas do “Orgulho LGBT”, que ocorrem em Telavive, Jerusalém, Eilat, Bersebá e Haifa, recebem enorme incentivo financeiro do governo de Benjamin Netanyahu, a ponto de a “parada gay” de Telaviv, iniciada há 25 anos (1993), ser hoje a mais famosa do mundo (atrai turistas do mundo inteiro, lotando hotéis de luxo).

Só para se ter uma ideia, o Ministério da Educação de Israel determinou, desde meado da década passada, que os diretores das escolas daquele país introduzissem uma disciplina específica sobre LGBT, tão somente para conscientizar os estudantes israelenses com relação ao respeito que devem dispor sobre os gays e lésbicas.

Israel e a Turquia são os únicos países do Oriente Médio que tratam a homossexualidade com isonomia social, mas é na terra de Jesus Cristo onde casais andam de mãos dadas pelas ruas sem o menor incômodo, sequer um olhar enviesado, enfim, uma verdadeira redoma de igualdade de gênero e de respeito aos direitos humanos.

Por outro lado, os palestinos, que ocupam territórios em Israel, são exatamente o oposto, isto é, tratam a homossexualidade como crime. Os gays e lésbicas são perseguidos diuturnamente pelas autoridades palestinas e pelo Hamas, grupo mulçumano sunita. Em razão disso, homossexuais palestinos fogem todos os dias para Israel.

Na verdade, gays e lésbicas dos demais países vizinhos fogem para Israel, porque a homossexualidade também é crime em 11 dos 14 países do Oriente Médio, inclusive com pena de morte. Mas, para sorte dos homossexuais, o Supremo Tribunal Federal de Israel proíbe que esses refugiados sejam deportados de volta ao país de origem.

Eu trouxe, nos parágrafos acima, informações sobre o grupo LGBT, mas poderia falar do impressionante respeito que Israel tem pela mulher, afinal de contas, o aborto é totalmente liberado para quem tem mais de 18 anos de idade, exceto se ela for casada, o que necessita do aval do esposo (99% concedido, de acordo com as pesquisas).

No entanto, se a mulher casada alegar que o feto é fruto de uma relação extraconjugal, o aborto é liberado, e o marido nem tem conhecimento. Para uma população de oito milhões de habitantes, Israel registra hoje uma média de 17 mil abortos por ano, mas, por ser um país muito culto, a porcentagem de abortos diminuiu 35% nas últimas três décadas.

Na Palestina – os vizinhos inimigos dos israelenses desde 1948 –, o aborto não é permitido, nem mesmo se a mulher for estuprada. Nos demais países do Oriente Médio, o aborto também é proibido, embora na Arábia Saudita possa ser realizado para preservar a saúde física e mental da mulher, desde que haja aprovação de especialistas e do esposo.

Por sua vez, a preservação e o desenvolvimento do meio ambiente sempre foi uma das prioridades do governo de Israel, que gasta fortunas para preservar a fauna e a flora, bem como recuperar o maior número possível de áreas naturais, daí que o país assina todos os acordos e tratados internacionais que buscam preservar o nosso planeta.

Não bastasse tudo isso, Israel é um país desinteressado em crendices religiosas, como mostram diversas pesquisas internacionais. A “Worldwide Independent Network of Market Research” mostrou recentemente que os israelenses estão entre os oito países mais incrédulos do mundo. Nada menos do que 57% dos israelenses não têm interesse por nenhuma religião.

Essa última pesquisa da “Worldwide Independent” revelou que apenas 15% de ortodoxos israelenses vivem numa espécie de “neura” com os palestinos e demais muçulmanos da região, enfim, a maioria esmagadora das pessoas de Israel está pouco se lixando para crendices em torno daquilo que, de 1948 para cá, passou a se chamar “terra santa”.

Na Palestina, porém, o interesse por religião é, pasme, de 94%. Pois é: a parte sã, sadia, não louca, isto é, 85% da população de Israel encontra-se em total sintonia com o que há de mais avançado nos grandes centros da Europa e dos Estados Unidos, até porque as universidades são de altíssimo nível, assim como as livrarias, os shows de rock, os belos concertos de ópera e as exposições de arte moderna.

Como se sabe, os países desenvolvidos não têm interesse por crenças. O desenvolvimento cultural e financeiro das nações é diretamente proporcional à descrença religiosa, ao desapego pelo sobrenatural. Os povos atrasados – África, América Latina, Oriente Médio e Ásia –, algemados às suas crendices, comem o “pão que o diabo amassou” sem dó nem piedade.

Benjamim Netanyahu está tentando aprovar a liberação da maconha para uso recreativo em Israel, desde o início de 2017, enquanto, na vizinha Arábia Saudita, os maconheiros são arrastados pelas ruas e decapitados em praça pública, na frente de crianças, com o corpo ficando em exposição como “exemplo” para a população.

Enfim, para quem ler livros, jornais e os sites dos grandes meios de comunicação, sabe que essa revolução social deu-se não somente em Israel, mas em todos os países civilizados, a partir de 1990, com o fim da “Guerra Fria”, ou melhor, com a derrocada da ideia falsa da existência de um comunismo, propagada por uns marxistas que nunca sequer compreenderam Marx.

O criminoso capitalismo precisava sobreviver, daí a auto-fagocitose, que tem sido demais alvissareira, afinal, as nações desenvolvidas intensificaram o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente, enquanto o velho mundo (dos fundamentalistas) é uma nau a deriva, que, entre um ou outro “canto do cisne” (Trump, Le Pen, Bolsonaro, etc), despede-se aos gritos do “Titanic”.

Quem conhece um pouquinho de história sabe que o apoio dado pelos Estados Unidos à criação de Israel, em 1948, foi por causa da “Guerra Fria”, e os israelenses souberam aproveitar muito bem a grana disponibilizada, porque construíram armas nucleares, uma tecnologia fortíssima em todas as áreas e universidades supimpas, daí o IDH admirável.

Há muitas décadas que Israel não precisa mais de nenhum só centavo de dólar dos norte-americanos para enfrentar seus vizinhos atrasados. Ao contrário, Donald Trump é que, para vencer as eleições em 2016, prometeu aos 20% de votos dos neo-pentecostais de que iria transferir a embaixada dos EUA para Jerusalém. E o genérico de Trump, o índio(ta) Bolsonaro promete imitá-lo.

Olha, quando eu soube que Jair Bolsonaro iria transferir a embaixada do Brasil para Jerusalém, e que, além disso, convidaria Benjamim Netanyahu para sua posse, com o intuito tão somente de agradar a sua esposa e os seus eleitores fundamentalistas de religião protestante, a primeira coisa que fiz foi escrever esse texto.

Porém, para publicá-lo, esperei a visita de Netanyahu, porque eu desejava que o premiê dissesse exatamente que o Brasil de amanhã será o Israel de hoje. E não é que ele o fez, inclusive com certa poética:

– “Israel é a terra prometida. O Brasil é a terra da promessa”, afirmou Netanyahu, em solo brasileiro, na última sexta-feira. Você, que leu as linhas acima, pode agora melhor compreender a frase do premiê israelense, porque está minimamente informado sobre o que ocorre hoje em Israel – essa terra de gente culta, que, portanto, lê muito e respeita demais os direitos dos seus semelhantes.

Vamos torcer para que as palavras do premiê israelense sejam proféticas, afinal, o gay e a lésbica no Brasil não têm 10% do respeito que os seus pares gozam em Israel; a mulher brasileira só faz aborto em bibocas ou com os estupradores Roger Abdelmassih e João de Deus; e os madeireiros são os “fiscais” do Ibama. Olha, haja promessa, Benjamin.

Imperioso destacar que Netanyahu é um político de direita, mas tem uma visão sobre os direitos humanos até mais radical que governantes europeus, nova-iorquinos e californianos, enfim, trata-se de um cara com muito lastro científico (estudou nas melhores universidades norte-americanas), e que nada tem a ver com quem vê fantasma em pé de goiaba.

Aliás, os 20% de fundamentalistas norte-americanos e brasileiros (de todas as religiões) poderiam buscar urgentemente uma união com os palestinos e o resto daqueles países atrasados do Oriente Médio, visto que pensam iguaizinhos com relação à igualdade de gênero, ao meio ambiente, às mulheres, aos negros, enfim, aos direitos humanos.

Nesse contexto, os brasileiros conservadores (de todas as religiões) vão tomar ciência, com o governo de Jair Bolsonaro, de que o seu mundinho ridículo acabou para sempre. Não foi Dilma, Lula, nem FHC, que dirá Itamar Franco ou Collor, quem mudou radicalmente o planeta de 1989 para cá, quando a queda do muro de Berlim representou a nova ordem mundial.

Se você não leu jornal nas últimas três décadas, vá numa livraria e procure os livros de história das humanidades para saber o que está ocorrendo no mundo há 30 anos, para melhor saber o porquê de os conservadores fundamentalistas apostarem tanto suas últimas fichas em figuras como Trump e Bolsonaro, em face do inevitável naufrágio do seu mundo arcaico.

E o nosso capitalismo, reduzido a uma oligarquia financeira preguiçosa, vai abrir as pernas no que pode ao mercado internacional, porque tem ciência de que a sociedade brasileira mudou – um simples reflexo de todas as mudanças que ocorreram no mundo –, e esse é, portanto, seu último cartucho para ganhar dinheiro sem esforço, sem trabalho.

Porém, se você acha que o título desse texto é uma ironia para que a família de Bolsonaro se enxergue, para que saibam o que ocorre em Israel (que nada tem a ver com seu mundinho evangélico), está redondamente enganado. Eu estou me referindo àqueles espelhos que os índios receberam dos portugueses com a chegada de Pedro Álvares Cabral. É o seguinte:

Até aqui eu escrevi sobre fatos, o que pode ser constatado na internet, porque não há nada aí acima que seja novidade para quem é bem informado. Nas próximas linhas, porém, eu vou dar a minha opinião sobre o motivo da visita de Benjamin Netanyahu ao Brasil – o primeiro premiê israelense a visitar o país –, ou seja, será a minha especulação, minha intuição.

É sabido que Jair Bolsonaro convidou o premiê israelense porque prometeu aos 15 milhões de evangélicos que o ajudaram a eleger-se, que aproximaria o Brasil de Israel, visto que esse pobre povo desinformado acha que aquele país é a “terra santa”, de leite e mel, nos moldes das telenovelas da TV Record. Isso é fato.

Por sua vez, Netanyahu está enfrentando uma crise do caralho – responde por um enorme escândalo de corrupção e deve perder o cargo –, mas, não obstante seu inferno astral, ele é um capitalista demais estrategista, ou seja, vê dinheiro até nas formigas, e sabe que somente algo extraordinário pode salvá-lo no poder. Isso é fato.

Agora vamos à minha especulação:

A israelense Teva Pharmaceutical Industries Ltda, uma das três maiores fabricantes de medicamentos do mundo, quer entrar oficialmente na Amazônia, o maior celeiro de matéria prima para fármacos. Alguns dos seus bioquímicos já atuam lá, mas de forma clandestina, sem poder explorá-la como desejam, incluindo as reservas indígenas.

Por sua vez, o grupo israelense BSG Resources é um dos candidatos à exploração do nióbio no Brasil – nosso principal mineral neste século –, sendo que 83% da reserva do país estão no Amazonas, onde outra grande empresa israelense, a DM Mineradora, pretende extrair diamantes. Por enquanto, a DM só atua no Piauí, porque desde o governo FHC, a Amazônia ficou mais ou menos protegida.

Resumo da ópera: Netanyahu, cambaleando no poder com os escândalos de corrupção, veio ao Brasil dar uns espelhos – visibilidade à família de Bolsonaro –, e já agendou novo encontro com o monogástrico para março em Israel. Isso lhe dará um fôlego no parlamento israelense por três meses, enquanto negocia a exploração dos nossos ouros pós-modernos – a flora medicinal e o nióbio.

E assim como todo nosso diamante de Minas Gerais está hoje na Inglaterra (dívidas pagas pelos portugueses aos ingleses do século XVIII), no futuro breve importaremos medicamentos extraídos da nossa própria floresta, como também vamos adquirir lá de fora o melhor aço elaborado com o nosso nióbio. E o que o povo vai ganhar com isso?

Bem, a população vai receber uma pequenina parte dos benefícios, porque o grosso do esquema ficará a cargo de um novo Fabrício Queiroz – o motorista “laranja” apropriador de salários de servidores públicos –, ou seja, o conluio será arquitetado por uma máfia mais sofisticada em grandes tramoias. Acorda, Amazônia. Acorda, Brasil!

*Marconi de Souza Reis: É jornalista e advogado baiano

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