Desde que o GDF mudou a forma de contratar artistas na capital federal, em agosto de 2013, a classe artística apresenta uma demanda: valorizar quem tem mais tempo de estrada. Com os editais de credenciamento divulgados esta semana, a Secretaria de Cultura atendeu o pedido.
Os artistas mais antigos, com mais de dez anos de carreira, serão classificados em uma categoria de "notórios", de forma que possam ter cachês diferenciados e algumas contratações livres antes de entrar no rodízio obrigatório, por exemplo.
Enquanto o cachê para grupos artísticos varia entre R$ 3.500 e R$ 10 mil, o pagamento por apresentação dos notórios pode ir de R$ 9.500 a R$ 18 mil.
"A valorização dos artistas e dos criadores de cultura do DF é uma permanente preocupação da política pública de Cultura, que buscou, ao longo destes três anos de trabalho, estabelecer instrumentos claros e acessíveis a todos que desejarem participar da disputa legítima dos recursos públicos. Os editais de credenciamento naturalizam esse formato", afirma o secretário de Cultura, Hamilton Pereira.
Este ano, os editais foram divididos conforme as linguagens diferentes, uma reivindicação dos colegiados setoriais, artistas e produtores também atendida pelo governo.
Serão, inicialmente, cinco editais: música, dança, teatro, cultura popular e arte urbana. Com essa diferenciação dos editais, os critérios para classificação dos artistas ficaram mais especializados.
Os novos editais, que valerão para contratações de todo o ano de 2014 e para os três primeiros meses de 2015, ganharam diferentes características após meses de discussões com a classe artística.
Os artistas que já participaram do credenciamento em 2013, acreditam que as mudanças vão beneficiar ainda mais a classe. Segundo o representante do Grupo Surdodum, Arnaldo Barros, o sistema simplificou a vida dos artistas. "Antes, tínhamos que levar uma série de documentos. Agora, com a instalação do sistema, tudo que é preciso fazer é mantê-lo atualizado", diz.
O projeto Surdodum foi idealizado por Ana Lúcia em 1994. Com uma banda formada por sete músicos surdos e seis ouvintes voluntários, o projeto tem como objetivo principal proporcionar integração musical a indivíduos com alguma deficiência auditiva.
O grupo já foi contratado pela administração pública várias vezes, em projetos como o Carnaval de 2011 e 2012, e em 2014, no Bloco Concentra mais não sai, e no projeto Arte por Toda Parte, realizado pela secretaria de Cultura.
A coordenadora e criadora do projeto, Ana Lúcia, também elogia a estrutura e a recepção do grupo. "A equipe que nos recebeu foi ótima, super solicita. A estrutura também nos agradou muito", completa.