A família do auxiliar de serviços gerais Antônio Pereira, de 32 anos, desaparecido há seis meses após ter sido abordado pela polícia, afirma ter encontrado um registro de atendimento dele no Hospital Regional de Planaltina. Segundo o irmão de Antônio, Silvestre Pereira, ao passar pelo hospital em busca de exames que ajudassem a confirmar se a ossada encontrada na semana passada é do desaparecido, encontrou um registro feito a pouco mais de duas semanas.
“Eu vi na tela do computador do hospital o nome do meu irmão, o nome do meu pai e da minha mãe. Não tem quem atendeu. Meu irmão está desaparecido, sendo procurado, por que [o hospital] não acionou a polícia?”, diz Silvestre.
A visita ao hospital não consta no sistema integrado da Secretaria de Saúde. Uma cópia foi feita no Hospital Regional de Sobradinho. A última visita dele ao pronto-socorro foi no dia 25 de maio, véspera do desaparecimento. A Secretaria de Saúde confirmou o registro de Antônio no Hospital Regional de Planaltina no dia 11 de novembro. O prontuário ainda vai ser analisado e as informações repassadas à Divisão de Repressão a Sequestros da Polícia Civil, responsável pela investigação do caso.
A possível ida de Antonio ao hospital foi registrada poucos dias depois do encontro da cúpula da Segurança Pública do DF com a Comissão de Direitos Humanos do Senado, que cobrou agilidade na investigação.
Entenda – Na madrugada do dia 27 de agosto, Antônio foi levado à delegacia mais próxima do Arapoanga, em Planaltina, liberado e nunca mais foi visto. Um policial militar avisou aos familiares que outros policiais prenderam Antônio depois que ele teria tentado roubar uma chácara que pertence a um PM. Segundo o denunciante, ele estava ferido nas costas e sem camisa.
Quase seis meses após o desaparecimento de Antônio Pereira, a família dele reconheceu as roupas que foram encontradas junto a uma ossada humana descoberta por uma moradora do setor residencial oeste em Planaltina (DF) nesta quinta (21). “A roupa é muito parecida com a que ele estava no dia que saiu lá de casa. Além disso, havia duas obturações nos dentes iguais a que meu irmão tinha”, fala Francisco de Araújo, último familiar a ver o desaparecido com vida, no dia 26 de maio.
Demora – A família registrou o desaparecimento do auxiliar de serviços gerais no dia 27 de maio. O inquérito na 31ª delegacia de polícia, que inicialmente cuidou do caso, só foi aberto no dia 16 de julho. O caso foi para a Divisão de Repressão a Sequestro (DRS) no dia 5 de agosto.
Em 26 de agosto, mais de 90 dias depois do desaparecimento, a Polícia Militar também instaurou inquérito para investigar se os dois sargentos e quatro cabos envolvidos na abordagem a Araújo cometeram algum tipo crime. O inquérito foi remetido à Justiça no dia 25 de outubro, com pedido de retorno e sem conclusão.
Além disso, o advogado que representa a família de Araújo pediu apoio da Comissão de Direitos Humanos do Senado no dia 4 de outubro. Outros órgãos também foram acionados: Procuradoria-Geral do Distrito Federal, Secretaria de Direitos Humanos, Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, Comissão de Anistia e Secretariado Nacional de Justiça, Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa e Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
A demora para uma explicação sobre o ocorrido com o auxiliar de serviços gerais fez a família procurasse a Comissão de Direitos Humanos do Senado. No dia 5 de novembro, a presidente da comissão, senadora Ana Rita (PT-ES), se reuniu com representantes da segurança pública do Distrito Federal e familiares de Antônio de Araújo. Além de celeridade, a presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado também pediu às autoridades responsáveis mais transparência, para que a família saiba o andamento das investigações.
Com informações do G1 e do R7.