“Porque eu quis”, responde policial ao ser questionado sobre ação truculenta

Publicado em: 09/09/2013

“Porque eu quis” Esta foi a resposta dada por um capitão da tropa de choque do Distrito Federal, identificado como Bruno, ao ser questionado porque jogou bombas de gás lacrimogêneo em manifestantes que pretendiam chegar ao Congresso Nacional com uma bandeira após o desfile de 7 de Setembro. Jornalistas também foram atacados com spray de pimenta.

 

Para o comandante da Polícia Militar do DF, Joosiel Freire, a ação foi “corretíssima”. “Ele não fez nada demais. Ele foi perguntado e respondeu que fez porque quis. Que crime é esse?”, indagou o comandante da PM. “Vamos apurar todas as denúncias, inclusive a do Bruno”, defendeu.

 

Vídeo – No vídeo, o capitão Bruno diz que os manifestantes não devem passar de um determinado ponto e um outro oficial informa que se alguém passasse, os policiais estariam liberados para usar o gás. Os jovens estavam sentados no gramado próximo à rodoviária, quando o capitão passa e dispara o spray contra alguns dos manifestantes, que não reagem.

 

Quando um deles questiona: “Capitão Bruno, a gente não ultrapassou o limite que o senhor impôs e mesmo assim o senhor agrediu a gente com gás”, Bruno responde que “sim”. O manifestante insiste: “Por quê? E ele responde: “Porque eu quis. Pode ir lá denunciar”.

 

A ação foi gravada e o vídeo circula na internet (assista abaixo), e a frase “porque eu quis” já se transformou em meme na rede social. Os próprios jovens criaram uma página no Facebook para divulgar o caso e convidar o maior número de pessoas a denunciar a agressão à Corregedoria da Polícia Militar a partir desta segunda (09).

 

Jornalistas – Durante a manifestação deste sábado (07), no momento em que havia confronto entre manifestantes e a polícia, fotógrafos e repórteres do Correio Braziliense foram atingidos por jatos de spray de pimenta. A repórter fotográfica  Monique Renne registrou o momento em que era atingida. Ela conta que a situação já estava controlada, quando sofreu a agressão. “Não foi em meio ao protesto. Fui fotografar uma colega que tinha levado spray de pimenta no rosto e um outro policial veio e jogou três jatos no meu rosto. Perdi o ar”, ressaltou.

 

Os fotógrafos Carlos Vieira, Carlos Moura e Janine Morais também sofreram agressões. O repórter Arthur Paganini foi empurrado por um policial e, em seguida, foi atingido por jato de spray de pimenta.

 

Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal lamentou os atos de violência praticados por policiais contra os profissionais de imprensa que cobriram as manifestações de Sete de Setembro na cidade. O sindicato lamentou a agressão.

 

Denúncia caluniosa – Freire defendeu o policial e disse que “o rapaz que estava filmando ficou o tempo inteiro instigando o Bruno, que é um dos policiais mais cordatos da corporação, só falta asa para chamar aquele cara de anjo. O Bruno já estava de saco cheio. E ele só cumpriu a ordem do comandante, que disse que era para usar gás lacrimogêneo se o grupo ultrapassasse a linha.”

 

O comandante afirmou ainda que a PM vai processar o jovem que fez a gravação. “Vamos denunciar o rapaz que estava filmando por denúncia caluniosa.” De acordo com ele, o vídeo não mostra tudo o que ocorreu. “Editaram e só deixaram no vídeo o que interessava.”

 

Jooziel Freire disse ainda ter conhecimento de que gravações de protestos anteriores estavam sendo veiculadas como se tivessem ocorrido neste sábado. “Já sabemos que usaram imagem de evento anterior, de uma pessoa sendo atingida com bala de borracha, falando que era de ontem [sábado].”

 

Sobre os jornalistas, o comandante-geral disse que "é difícil para os militares distinguir repórteres na multidão de mascarados". "Repórteres sem identificação, usando máscaras e capacetes, podem estar sujeitos à abordagem policial".

 

O Correio afirmou que todos os profissionais do jornal “agredidos pela ação militar durante as manifestações portavam crachá de identificação e não ofereciam resistência ou ameaça à operação”. 

 

Com informações de redes sociais, G1 e Correio Braziliense.

 

Artigos relacionados