PF prende ex-policial civil envolvido na Caixa de Pandora

Publicado em: 19/09/2013

Marcelo Toledo, ex-policial civil e réu no processo que investiga o mensalão do DEM no governo do Distrito Federal, foi preso pela Polícia Federal em operação deflagrada nesta quinta (19), batizada de Miquéias, com o objetivo de desarticular duas organizações criminosas com atuações distintas: uma envolvida em lavagem de dinheiro e a outra acusada de má gestão de recursos de entidades previdenciárias públicas. 

A polícia explicou que uma loja de carros importados na capital federal está entre os principais alvos de investigação e que os responsáveis já foram encontrados e estão detidos na Superintendência da Polícia Federal no Setor Policial da Asa Sul, área central de Brasília, junto com outras 14 pessoas.  Os líderes das duas organizações ficavam no DF, segundo a polícia. Esta é a primeira ação da PF para investigar e coibir casos como estes.  

 

A operação não tem ligação com o esquema conhecido como “mensalão do DEM”, que foi investigado pela operação Caixa de Pandora, da PF, que denunciou um esquema no governo José Roberto Arruda que, segundo a polícia, arrecadava dinheiro com empresas e distribuía entre os políticos do DF.

 

Miquéias – Pelo menos 16 pessoas foram presas em Brasília durante a Operação Miquéias. O nome escolhido para batizar a ação é de um personagem bíblico que denunciava a corrupção dos poderosos. A PF cumpre 27 mandados de prisão e 75 de busca e apreensão no Distrito Federal e em outros nove Estados brasileiros.

 

As investigações começaram há mais ou menos um ano e meio e inicialmente tinham o intuito de apurar a lavagem de dinheiro por meio de contas bancárias criadas no nome de empresas fantasmas, abertas sempre em nomes de "laranjas". Durante os trabalhos, a polícia descobriu que existe um verdadeiro "serviço terceirizado para lavagem de dinheiro no Brasil", conforme relatou a assessoria de imprensa da corporação. 

 

Durante os 18 meses de investigação, a polícia disse que foram sacados pelo menos R$ 300 milhões nas contas fantasmas criadas pelos laranjas nas empresas de fachada. Também ficou comprovado que alguns policiais civis do Distrito Federal ficavam responsáveis por dar cobertura e proteção às quadrilhas, em troca de dinheiro.

 

Aliciamento – De acordo com a PF, alguns prefeitos e gestores de Regimes Próprios de Previdência Social também eram aliciados pela quadrilha e aplicavam recursos das respectivas entidades previdenciárias em fundos de investimentos com papéis geridos pela quadrilha, o que configurava o desvio dos recursos. Os prefeitos e gestores dos regimes próprios de previdência eram remunerados com um percentual sobre o valor aplicado.  

 

Todos os presos responderão por gestão fraudulenta, operação desautorizada no mercado de valores mobiliários, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Se forem condenados, podem pegar até 30 anos de prisão.

                                      

Toledo – A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Toledo, considerado pela PF como um dos chefes de uma organização criminosa. Outro líder do esquema, segundo o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), que também foi preso em Brasília nesta quinta (19) é o doleiro Fayed Traboulsi. A polícia chegou cedo à casa dele no Lago Sul. Foram apreendidos documentos e revistados os carros da família.

 

No Sudoeste, foram presos os delegados da Polícia Civil Paulo César Barongeno e Sandra Maria da Silveira. Eles foram levados no carro dela. De acordo com a Polícia Federal, os policiais civis presos em Brasília agiam passando informações aos criminosos para impedir que eles fossem pegos nas investigações da polícia. Barongeno e Silveira já haviam sido presos em março, pela mesma acusação.

 

Com informações do G1 e do R7.

Artigos relacionados