Protesto orquestrado por empresários causa destruição na rodoviária de Brasília

Publicado em: 25/06/2013

Nesta segunda (24) um protesto de motoristas que fizeram uma paralisação na rodoviária do Plano Piloto em Brasília deixou um cenário de destruição. Quinze ônibus da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB) foram depredados. Pessoas armadas de paus e pedras atearam fogo em veículos estacionados. O protesto foi feito por cerca de 600 profissionais, que fizeram um bloqueio na rodoviária, por temerem perder os empregos com as mudanças no sistema. Os motoristas também pedem transparência na licitação do transporte e regulamentação da profissão de rodoviário.

 

O Sindicato dos Rodoviários de Brasília disse que o bloqueio foi organizado pelos empresários das companhias que não vão mais operar no transporte público do Distrito Federal, depois da conclusão da licitação de renovação da frota. “Quem está por trás [da paralisação] são pessoas ligadas às empresas que perderam a licitação e que têm interesses escusos que não defendem a classe”, afirmou o presidente do sindicato, João Osório da Silva.

 

Cerca de 8 mil rodoviários trabalham para os grupos Amaral, Canhedo e Riacho Grande, que não vão mais operar no transporte do DF. Nesta segunda (24), Câmara em Pauta publicou reportagem sobre uma denúncia feita pelo presidente do processo de licitação da renovação da frota do DF, que afirma que houve uma série de irregularidades e que as cinco empresas que venceram a concorrência são ligadas ao grupo do empresário Nenê Constantino.

 

Protesto – Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o incidente deixou 32 feridos. Sete deles são policiais e um é cinegrafista da TV Globo. Três pessoas foram presas, sendo que duas teriam sido por vandalismo. O bloqueio teve início por volta das 15h, mas a depredação começou às 19h. Manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar, que chegou a jogar bombas de gás lacrimogêneo. Participantes do protesto tentaram invadir as lojas que foram fechadas e chegaram a tentar virar um dos ônibus. Eles quebraram diversos vidros dos veículos.

 

A manifestação acontece quatro dias antes de entrarem em operação os 50 primeiros ônibus das empresas que venceram a licitação do transporte público no DF. No meio da tarde, alguns motoristas disseram que só iriam liberar a rodoviária se o governo abrisse negociação. Contudo, Osório disse que os envolvidos na manifestação “não representam e não falam pelos rodoviários, apenas defendem interesses escusos de empresários”.

 

Com a interdição, a volta para casa ficou complicada no terminal. As linhas de metrôs estavam mais lotadas que o habitual. Moradores de regiões como Planaltina e Sobradinho, onde o Metrô-DF não opera, estavam sem opção de transporte público para voltar pra casa. Os ônibus voltaram a operar por volta das 19h40 e a Polícia Militar permaneceu no local, para evitar novos protestos violentos.

 

Licitação – Em nota, o GDF repudiou a ação e diz que a licitação do novo sistema de transporte público ocorreu com lisura e que os atuais motoristas e cobradores terão prioridade na contratação das novas operadoras. “A depredação contra o patrimônio público, que é de todos, não se justifica em nenhuma hipótese”, afirma o texto. Segundo o GDF, a maior parte dos motoristas, que teriam participado da manifestação, será recontratada pelas novas empresas. “Eu tenho uma convicção muito grande que quase todo contingente será reaproveitado”, disse o vice-governador, Tadeu Filipelli.

 

Para o secretário de Administração pública, Wilmar Lacerda, a “manifestação foi orquestrada por pessoas ligadas a quem perdeu a licitação, uma manobra da Riacho Grande e de empresas ligadas ao Wagner Canhêdo para confundir os trabalhadores e atrapalhar um processo licitatório legítimo e transparente”. O grupo de Canhedo tentou judicializar a disputa, mas perdeu todas as tentativas.

 

De acordo com o diretor presidente do DFTrans, Marco Antonio Campanella, "foi possível identificar que estes grupos estão tentando usar o momento de transição para atrapalhar as negociações entre o GDF e os trabalhadores". “Estamos discutindo todas as reivindicações com o sindicato, e as negociações estão avançadas principalmente no que diz respeito à garantia de empregos, à data Base e às rescisões trabalhistas que as empresas irão pagar”, disse

 

Veja íntegra da nota do GDF

 

O governo do Distrito Federal manifesta publicamente o seu repúdio à depredação de oito ônibus da TCB, um deles incendiado, durante movimento articulado por duas empresas concessionárias do transporte coletivo, na tarde desta segunda-feira, na rodoviária do Plano Piloto.

 

A depredação contra o patrimônio público, que é de todos, não se justifica em nenhuma hipótese. Mais do que causar prejuízos materiais, a destruição criminosa de ônibus novos da TCB põe em risco a população e compromete a rotina de uma empresa que é referência de qualidade em matéria de transporte coletivo.

 

O governo reafirma o seu compromisso de garantir transporte público de qualidade para toda a população do Distrito Federal e sua determinação em concluir o processo de implementação do novo Sistema de Transporte Público Coletivo, meta que não foi alcançada por nenhuma outra gestão nos últimos quarenta anos.

 

O GDF está em alerta e preparado para responder com firmeza a todo e qualquer ato que tenha como objetivo comprometer este processo. E não terá receio de ir buscar na Justiça todos os meios para assegurar o direito da população a ter transporte digno, ônibus novos e segurança aos passageiros e trabalhadores do novo sistema.

 

A licitação do novo Sistema de Transporte Público Coletivo do DF foi realizada com extrema lisura, obedecendo rigorosamente todas as orientações e acolhendo todas as sugestões dos órgãos fiscalizadores, internos e externos. Só assim foi possível enfrentar e vencer mais de 170 tentativas de obstruir a licitação.

 

O governo também reafirma o seu compromisso em assegurar aos atuais trabalhadores rodoviários a máxima prioridade para que sejam contratados pelos novos operadores do sistema, obedecendo o que prevê o edital de licitação.

 

Por fim, o Governo do Distrito Federal assegura a todos que, a partir do dia 28 de junho os primeiros novos ônibus, de um total de quase três mil, estarão circulando na cidade Estrutural, virando definitivamente uma página triste da história e começando efetivamente um novo momento para o transporte coletivo do DF. 

As informações são da Agência Brasília, R7 e G1.

Artigos relacionados