Adriana Martins, jornalista da Rádio Educadora FM de Caldas Novas – Go, postou apelo aos colegas jornalistas, onde relata juntamente com sua filha, a invasão da sua residência por policias militares no último dia 05, que agrediram sua filha com violência, atendendo a um chamado dos vizinhos que reclamavam do som alto. Vejam vídeo e o relato das duas.
Aos amigos da imprensa,
Eu me chamo Adriana Martins. Trabalho no programa de Jornalismo "Educadora em Notícia" da Rádio Educadora FM, em Caldas Novas – GO faz 5 anos. Nestes cinco anos de trabalho sempre levantei três bandeiras com mais afinco. A do combate à violência e exploração de crianças e adolescentes, combate ao tabagismo e outros entorpecentes e combate à violência contra a mulher. Não imaginava que agora esta bandeira teria que ser erguida em defesa de uma das minhas filhas. Seu nome é Adriana Alves. Tem 20 anos e um filho de 1 ano e 4 meses e mora comigo. Anne é vocalista de uma banda de rock e neste último domingo a banda resolveu fazer um ensaio aberto para outras bandas também. O horário firmado foi de 14:00 as 19:00 horas. Autorizei que se reunissem em casa e fui para a rádio para mais um dia de trabalho. Ao retornar fui informada de que a polícia militar havia invadido minha casa porque um vizinho reclamou do barulho e isso em plena tarde de domingo. Ao ver 6 policiais invadindo a casa, minha filha questionou se eles poderiam entrar assim sem chamar os donos da casa no portão e sem mandado ou algo do tipo. Em resposta à pergunta ela foi enforcada por um dos PMs com tanta violência que as marcas até agora permanecem. Desesperada ela chegou a desferir um tapa no policial que a segurava pela garganta. Ao ver a cena o ex-marido que estava aqui tentou defendê-la falando que eles não podiam agredir uma mulher e o resultado foi que o algemaram e agrediram. O que se seguiu foi uma brutalidade policial na qual ela foi pisada, arrastada, empurrada sobre uma porta de ferro e vidro que se quebrou e no desespero ela gritava cada vez mais alto para que eles não a tocassem e que não entraria na viatura com quem a agrediu. A cena foi filmada por jovens que estavam no local. Minha filha foi levada para a UPA e mesmo na delegacia foi agredida não apenas ela mas também um rapaz de 17 anos que no vídeo fica evidente, estava tentando evitar mais e mais agressões. ele tem hematomas nas costas e no olho devidamente fotografados. Na internet o vídeo alcançou mais de 1500 visualizações em menos de 20 horas e nem sei mais quantos compartilhamentos. Chegou a ser visto pelo comandante geral da PM em Goiás, Silvio Alves que solicitou minha presença no dia seguinte para falar com ele e com o comandante regional, Coronel Queiroz. Fui para a conversa e também fui atendida pelo comandante do 26º Batalhão aqui na cidade. Todos disseram que vão apurar os fatos, porém já na saída desta conversa um dos soldados envolvidos me coagiu. minha filha estava em tratamento no CAPS por apresentar síndrome do pânico tendo tido duas crises mês passado e agora a situação piorou. A psicóloga disse que emitirá o laudo desta situação e passou os medicamentos pra ela mesmo que antes não tenha sido necessário. Amigos ligados ao MP sugeriram que eu faça o assunto ser amplamente divulgado para que ela esteja mais segura, afinal o assunto estaria fora de debaixo do tapete. Nós da imprensa divulgamos campanhas de combate à violência contra a mulher. Em momento nenhum das campanhas eu vi cartazes dizendo que só não é crime bater em mulher se ela gritar com o homem, xingar, não arrumar a casa, fizer barulho entre 14 horas e 19 horas ou ter tatuagens. Da mesma forma que não falam que a mulher não pode ser violentada a menos que use roupas curtas. Me assusta uma sociedade onde até as mulheres demonstram machismos buscando justificativas para o agressor. É crime bater seja em homem ou mulher, mas em mulher além de crime é um ato covarde de violência. Eu nem encaro o que estes brutamontes fizeram com minha filha como apenas bater. Ela foi enforcada várias vezes e em uma delas até quase desmaiar. Isso foi tortura. O delegado riu, o médico da UPA não examinou direito e foi conivente com os policiais que bateram no outro rapaz lá dentro da UPA mesmo. Nada… nada…. nada…. justifica esta agressão. Eles não estavam com o som ligado, não foi encontrado menores bebendo e nem qualquer tipo de droga ilícita com eles. Domingo de tarde centenas de casas fazem churrascos com música sertaneja até altas horas. Um vizinho meu costuma por funk até tarde e eles estavam ouvindo rock entre 14 e 19 horas de domingo. Sabe qual a diferença? Sertanejo e funk não ensinam os jovens a questionarem nada. O rock alternativo ensina a ter cabeças pensantes e isso é que foi coibido. Estou enviando o relato dela, fotos, link do vídeo, na esperança de que meus colegas de imprensa possam ouvir nossa voz. http://www.youtube.com/watch?v=kJamheHeQc0 Muito Grata, Adriana Martins 64 92540270 Relato de Anne Alves Ontem, dia 5 de maio de 2013, foi realizado um evento de rock na minha casa. O evento estava previsto para começar 13:00 mas começou com atraso de aproximadamente 2 horas. Tudo correu bem no evento. Não saberei a hora certa em que a polícia chegou, mas já estava escuro e o som já estava desligado, não havia música nenhuma mais tocando, muitas pessoas já tinham ido embora. Os policiais sob comando do policial Maurílio já chegaram entrando em minha casa, sem permissão, agindo com arrogância conosco. Eu aleguei que eles não tinham permissão de entrar na minha casa sem o mandado e pedi que conversássemos no lado de fora, pedi que agissem com respeito conosco, mas não foi isso que aconteceu. O policial Maurílio alegou que não precisava de mandado nenhum e continuou entrando, com os ânimos alterados desde que chegou, tratando mal a mim e ao meu ex-marido Thiago Ferreira, que também tentava sem sucesso manter uma conversa civilizada. Eu entrei então na frente do policial Maurílio que começou a me enforcar, eu para me defender pela truculência que estava sofrendo sendo enforcada desferi um tapa que acertou o rosto do policial Maurílio, que então me deu tapas na cara, gritando cada vez mais. O meu namorado Marco Antônio, de 17 anos se envolveu para tentar me ajudar e também se tornou vítima de agressões. Caímos no chão, o policial Lino lançou spray de pimenta no rosto dele, e continuaram a nos machucar tentando nos algemar. Não aceitei ser algemada, pois havia sido agredida pelo policial Maurílio, mas obviamente ele e o policial Lino foram mais fortes. Eu fiquei gritando com o policial Maurílio que ele havia me enforcado, então ele novamente me enforcou, eu deitada no chão, com ele por cima de mim mandando eu gritar agora. Fui enforcada por tanto tempo que pensei que desmaiaria, não conseguia respirar nem falar. Meu ex-marido Thiago Ferreira que tentava me defender também já estava algemado, assim como o menor de idade Marco Antônio. Não vi a hora que outros dois amigos que também tentaram me defender foram algemados Lucas Barbosa e Danillo Domingos. Ao sermos conduzidos à viatura eu implorei para os demais policiais presentes Ulias, Gonçalves, Jalber, Lino, Almir(esse nome não tenho certeza, pois ele tampava o nome com um colete, mas é algo assim) me ajudarem, me levarem em suas viaturas, visto que o policial Maurilio não parava de me ameaçar e agredir com tapas, mas todos viravam o rosto para mim. O policial Maurílio ainda me agredindo com puxões de cabelo, tapas na cabeça, apertando mais meu pescoço dizia que eu iria era com ele, que eu ia pagar o tapa que o dei, que eu veria com quantos paus se fazem uma canoa. Tentei segurar no braço do policial Rodrigo implorando por ajuda, e ele mandou eu parar de o arranhar, me xingou de vagabunda, me ameaçando sem parar. Antes de entrar na viatura ainda fui xingada de vadia e vagabunda pelo policial Maurílio, dizendo que ia acabar comigo e com o menor Marco Antônio. Fomos conduzidos à UPA e chegando lá o policial Maurílio afirmava que depois do exame de corpo delito iria arrebentar a nossa cara, disse ao menor Marco Antônio que o agrediria "até perder o cu". Thiago Ferreira levou um soco no rosto, pelo policial Maurílio ainda lá na UPA, onde os médicos que nos atenderam mal nos olharam para fazer o exame de corpo delito e ignoraram as marcas em meu pescoço. Ao chegar na delegacia ficamos cerca de 40 minutos de pé, sendo coagidos e ridicularizados pelos policias Maurílio, Lino, pelo delegado Marco Antônio Maluff e os demais que lá estavam. Cheguei a ser enfocada novamente dentro da delegacia, na frente do delegado que via tudo e ria. Ao sermos encaminhados às celas, o menor Marco Antônio que estava algemado ainda recebeu socos no estômago e na região do pulmão pelo policial Maurílio.
por Adriana Martins