A família do estudante brasiliense Artur Paschoali, desaparecido no Peru desde 21 de dezembro do ano passado, suspeita que o jovem possa ter sido sequestrado e escravizado por traficantes de drogas do País. Segundo a família do mochileiro, a possibilidade foi levantada após o período em que os pais do rapaz passaram no Peru acompanhando as buscas.
Segundo o administrador Wanderlan Souza Vieira, a suspeita é reforçada pelo fato de a possibilidade de morte do estudante não ter sido confirmada, já que o corpo não foi encontrado durante as buscas realizadas durante cerca de quatro meses. “Não temos uma prova concreta, mas a polícia de lá nos falou, informalmente, que a prática de escravização de pessoas pelo narcotráfico é recorrente no Peru”, afirmou Wanderlan.
Indícios – Antes de voltar para o Brasil no início deste mês, Wanderlan e a mulher, Susana Paschoali, chegaram a adiar a viagem após um telefonema, mas ao investigar, descobriram que foi trote. Em março, o irmão do rapaz, o engenheiro civil Felipe Paschoali, relatou via facebook que pelo menos 10 pessoas, entre moradores e turistas de um povoado próximo à cidade de Quillabamba disseram ter visto uma pessoa com características físicas semelhantes às de Artur.
No início de janeiro, durante as buscas as equipes e os pais do jovem encontraram indícios de que o rapaz está vivo e circulando na região onde foi visto pela última vez, próximo à Vila de Santa Tereza, nas proximidades de Cuzco. A família encontrou meias e algumas roupas queimadas numa região ao sul da Vila de Santa Teresa e na época, os pais disseram acreditar que o filho possa estar em fuga, mas não saberiam dizer o motivo. Desde fevereiro, a polícia peruana descarta a possibilidade de desaparecimento simples e investiga o caso como crime.
A família do jovem chegou a oferecer recompensa por informações sobre o paradeiro de Artur e os pais afirmam que recebem várias notícias sobre o filho, falando sobre o suposto paradeiro do rapaz, mas que até então nenhuma se confirmou. “Pedimos agora, quando recebemos alguma informação, que nos mandem fotos via internet para que possamos investigar”, diz Wanderlan.
Entenda – Artur entrou em contato com a família pela última vez em 20 de dezembro do ano passado, quando viajava pelo distrito de Santa Teresa, próximo a Machu Picchu, na região de Cusco. Segundo o irmão, Artur estava trabalhando em um restaurante em Santa Teresa, em troca de alimentação, hospedagem e dinheiro. No dia 21, às 16h, ele saiu para tirar umas fotos, apenas com uma câmara fotográfica, vestindo shorts e deixando todos os pertences na casa onde estava.
Até o início de março, a polícia peruana contou com ajuda do governo brasileiro e fez buscas com uma equipe multitécnica de profissionais do Corpo de Bombeiros, policiais, especialistas em resgate em minas e em rios, além de cães farejadores e helicópteros. Depois o Itamaraty retirou a ajuda presencial, que não foi retomada mesmo depois de um grupo de amigos e familiares fazer um protesto pedindo ajuda ao Palácio do Planalto.
Os pais do jovem passaram de janeiro a abril acompanhando as buscas e gastaram R$ 55 mil, até voltar para o Brasil, mas não descartam a possibilidade de voltar ao Peru. No dia 30 de abril, Artur completou 20 anos e a mãe, Susana Paschoali divulgou uma carta emocionada pelo grupo do facebook, que reúne pessoas que se interessam pelo caso.