Depois de 57 dias de ocupação pacífica, cerca de 400 famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) desocuparam o esqueleto de construção no Pistão Sul em Taguatinga, Distrito Federal, cumprindo o compromisso firmado no acordo com o GDF. As famílias saíram em marcha, também pacífica, da ocupação para a praça do relógio, quando a polícia passou a acompanhar a marcha. Em seguida, ligaram as sirenes, depois PMs e tropa de choque cercaram as famílias, que ficaram assustadas, porém mantiveram a postura pacífica e mesmo assim foram agredidas.
Segundo o MTST, alguns policiais partiram para cima de diversas pessoas, jogando spray de pimenta nos rostos de crianças, mulheres, inclusive grávidas, e homens. Uma senhora foi tentar ajudar um homem e levou um tapa no rosto de um policial. Ainda segundo o Movimento, a truculência só foi contida, após uma das advogadas da Assessoria Jurídica Universitária Popular (Ajup) mostrar a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil, quando estava prestes a ser agredida com spray de pimenta.
Os PMs alegaram que o grupo estava bloqueando a via. “A gente estava na pista porque queria fazer uma marcha pacífica em homenagem a Taguatinga, que nos acolheu durante esses 60 dias de ocupação”, explica Vítor Guimarães, integrante do Movimento. Por meio de nota a PMDF disse que os envolvidos devem registrar boletim de ocorrência “a fim de se colher provas e fundamentar um possível inquérito disciplinar. Também convém solicitar que procurem a Ouvidoria da PMDF”. Entretanto, a corporação não confirmou que tenha havido conflito e diz que não há registros da utilização de spray de pimenta, versão que é desmentida em um vídeo postado no facebook. Clique aqui para assistir.
Acordos – O prazo judicial para a desocupação do imóvel terminou no dia 16 de fevereiro e a data foi estendida pelo GDF, depois de um acordo firmado com o MTST no último dia 20. Ficou decidido que a contrapartida para a desocupação será um auxílio financeiro de R$ 408 por família durante três meses. O movimento também pode se cadastrar como entidade no programa Morar Bem. O governo prometeu ainda encaminhar um projeto de lei à Câmara Legislativa do DF que prevê a melhoria de benefícios para famílias sem moradia.
Segundo informações do MTST, o GDF vem cumprindo sua parte no acordo firmado com a entidade. O MTST já fez o cadastro no Morar Bem e as famílias já estão recebendo o benefício financeiro e o projeto de lei, para a ampliação do prazo de aluguel emergencial está em tramitação na Câmara Legislativa do DF.