Bancários e vigilantes se unem contra demissões no Banco do Brasil

Publicado em: 25/03/2013

Mais de 100 trabalhadores, entre vigilantes e bancários, organizados pela CUT Brasília, ocuparam o edifício Sede III do Banco do Brasil, nesta segunda-feira (25), para denunciar e combater as demissões imotivadas e o assédio moral praticado pela atual diretoria do Banco. Os manifestantes ainda reivindicaram a realização de uma rodada de negociação entre os representantes das duas categorias e da direção do BB para discutir o assunto e reverter as injustiças e o desrespeito aos trabalhadores.



Segundo o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto, o conselho diretor do Banco do Brasil não está ouvindo a classe trabalhadora, nem honrando a responsabilidade socioambiental que diz ter. “A gente está vendo o desmonte que o BB está fazendo no seu plano de cargos e na sua estrutura. Agora, está sendo irresponsável a ponto de demitir pais e mães de família e colocar em risco a vida dos seus funcionários, demitindo os vigilantes e reduzindo o investimento em segurança”, denunciou.



“Esses trabalhadores, que tantas vezes colocaram sua vida em risco para preservar a segurança dos trabalhadores desse banco, são demitidos indiscriminadamente. Enquanto isso, a direção faz de conta que não enxerga as práticas discriminatórias e de assédio moral que acontecem aqui dentro com todas as categorias de trabalhadores, seja bancário ou terceirizado. É por isso que nós, da CUT, junto com os bancários e os vigilantes, estamos aqui. Só assim a direção nos ouve”, afirmou, referindo-se ao apitaço realizado na portaria do prédio.



A postura arbitrária e de pleno desrespeito aos direitos trabalhistas da direção do Banco do Brasil não é novidade. Na última semana, o BB, um dos maiores bancos públicos do país, que afirma ter responsabilidade socioambiental, demitiu imotivadamente seis bancários e anunciou a redução nos gastos com segurança em 12% em todo o país. A medida já tirou o emprego de mais de 90 vigilantes só em Brasília e a estimativa é que esse número ultrapasse os 200.



O vice-presidente do Sindicato dos Vigilantes, Paulo Quadros, destacou a necessidade de uma reunião para discutir as demissões. “Nós não sabemos o que está acontecendo de fato. Diariamente o número de demitidos aumenta e o banco não se pronuncia, não esclarece, não responde nossas tentativas de negociação. Por isso, enquanto a direção não receber nossa comissão de vigilantes e bancários, nós não vamos sair, não vamos arredar o pé daqui”, assegurou.



Além dos trabalhadores vigilantes demitidos, também ficam prejudicados os trabalhadores que continuam no Banco e os usuários desse serviço. Expostos à insegurança, ele se tornam alvo vivo da alta criminalidade constatada em estatísticas assustadoras.



“Já tem algum tempo que estamos procurando a direção do banco, enviando ofícios, solicitando reuniões, e o banco não tem tido interesse em negociar. Agora, com a proximidade das Copas da Confederação e do Mundo, o risco fica ainda maior por ter mais dinheiro circulando. Como o banco espera lucrar com isso? Expondo todos? Não aceitaremos essas demissões!”, afirmou Edmilson Rodrigues Silva, diretor do Sindesv-DF.



Sem bombeiros civis

Durante a manifestação, o vice-presidente do Sindesv-DF, Paulo Quadros, informou que recebeu hoje a informação de que o banco reduzirá também o quadro de bombeiros civis. Nessa área, o corte previsto é de 70%. “Será que vai acontecer nas agências e nos prédios a mesma tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul?”, questionou.



Contra as demissões sem justa causa

Na semana passada, os funcionários do Banco do Brasil de todo o país pararam suas atividades em um Dia Nacional de Luta contra o ‘vale-tudo’ que vem promovendo um verdadeiro desmonte articulado da instituição: são demissões imotivadas, desrespeito à jornada legal e aumento do passivo trabalhista, reestruturações prejudiciais, discriminação dos bancários oriundos dos bancos incorporados, assédio moral, desrespeito ao concursado, entre outros. Aquele dia, segundo o diretor do Sindicato dos Bancários e presidente eleito, Eduardo Araújo, foi o primeiro de uma nova campanha contra a gestão do BB que traz muitos prejuízos para o clima organizacional. “Estamos denunciando o banco por demitir pessoas que recorrem à justiça para ter seus direitos (pagamento 7ª e 8ª horas), por reestruturações extremamente prejudiciais aos serviços, pelo passivo trabalhista superior a R$ 2 bilhões que não foi resolvido com o novo plano de funções, entre outros graves problemas”, disse Eduardo durante o ato realizado, na semana passada.



Com família, sem emprego

Manoel Antônio Rocha da Silva, de 53 anos, foi demitido no dia 15 de março. Ele, assim como outras dezenas de vigilantes, dedicou sua vida à segurança do Banco do Brasil e, agora, está desempregado. Foram mais de 25 anos de trabalho, que lhe renderam uma anemia e asma crônica. “Essa vida de vigilante, de bancário, é muito ingrata. A gente sofre demais, trabalha em péssimas condições”, lamentou.



Abatido, Manoel diz que “já fui muito humilhado lá no banco, muito perseguido, assediado por supervisor. Sinto pelo descaso, ainda estou me recuperando. Peço a Deus que resolva essa situação para que os meus colegas, que ainda não podem se aposentar, não fiquem sem emprego e tenham como alimentar suas famílias”, afirmou.



Da CUT Brasília

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