Erika Kokay questiona GDF sobre mudanças na presidência do BRB

Publicado em: 05/11/2012

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) questionou a mudança na presidência do Banco de Brasília, anunciada no último dia 17. O governador Agnelo Queiroz (PT) anunciou a substituição de Jaques Pena, por Abdon Henrique e um dos questionamentos levantados por Kokay é o fato de que o novo presidente é amigo pessoal do governador e não teria a experiência necessária para o cargo, diferente do antecessor. 

Em carta aberta Erika pergunta: “A quem interessa a mudança na presidência do BRB?” e alerta que os avanços recentes estão ameaçados. Além disso, a deputada questiona os motivos da troca. “Registre-se também que essa instabilidade no comando da instituição pode comprometer a sua gestão e fragilizar o seu desempenho no mercado financeiro, haja vista a descontinuidade na definição de prioridades e na execução do planejamento traçado”, comenta em alusão ao fato de que é a segunda substituição em menos de 2 anos.

 

Leia abaixo a nota de Kokay na íntegra.

 

A quem interessa a mudança na presidência do BRB?  

 

Enquanto presidenta do Sindicato dos Bancários na década de 90, junto com as bancárias e bancários do BRB e com a diretoria sindical, participei ativamente da luta e do debate pela sua defesa e permanência como banco público estadual.

 

Naquele momento, havia mais de 30 bancos estaduais. Hoje são apenas cinco! Tenho imensa satisfação de que o BRB ocupe lugar de destaque entre eles.

Durante esses anos todos, continuei acompanhando e apoiando o empenho diário e a dedicação incansável de seus trabalhadores e de suas trabalhadoras na busca pelo fortalecimento permanente da instituição.

 

Como bancária, cidadã e, hoje, deputada federal pude participar da luta contra os diversos ataques feitos ao banco em governos anteriores, especialmente durante as gestões do Roriz e do Arruda. Com certeza, se não fosse a firme mobilização e o profissionalismo de seus empregados, o BRB teria sido privatizado, com graves prejuízos para a população e para a economia do Distrito Federal.

 

Como parte da estratégia adotada por tais governos visando ao enfraquecimento do banco, destaca-se a escolha de dirigentes sem qualquer compromisso com o interesse público e com a prática da boa gestão corporativa. Ao longo desse período, muitas operações financeiras foram autorizadas sem a necessária análise técnica e correta avaliação do elevado nível de risco que ofereciam, sendo decididas apenas com base em critérios políticos ou de relações pessoais.

 

Em uma dessas operações o BRB sofreu um prejuízo estimado em R$ 134 milhões, ao adquirir, em 2009, títulos do Fundo de Compensação de Variações Salariais, que não tinham qualquer aceitação no mercado financeiro. Em outra operação, que mereceu grande repercussão na imprensa, cheques foram compensados sem o cumprimento de normas legais.

 

Com a força dos bancários e a atuação parlamentar e na sociedade, resistimos, avançamos, obtivemos inclusive pontos programáticos sobre o BRB inscritos no programa do atual governo de Agnelo. Até o momento, a gestão do banco neste governo vem apresentando resultado positivo, cumprindo aspectos importantes compromissados na plataforma eleitoral e governamental, como, por exemplo, a presença de dirigentes de carreira na governança corporativa e nos negócios e serviços, na perspectiva de expansão e retomada da função estratégica que a instituição já cumpre e pode cumprir ainda mais.

 

Todos os indicadores apontam nesse sentido, a exemplo do lucro recorde de 115 milhões no primeiro semestre e do crescimento de mais de 30% no crédito geral, com a maior rentabilidade patrimonial entre os bancos médios.

 

Cumpre lembrar também que, a exemplo do que acontece com a Caixa Econômica Federal e com o Banco do Brasil no plano federal, o BRB desempenha um papel importante como indutor do desenvolvimento da economia do Distrito Federal, particularmente neste momento em que, por meio da redução das taxas de juros praticadas, pode contribuir para viabilizar o financiamento de muitos projetos do setor produtivo local.

 

Para nossa surpresa e profunda decepção, contudo, os avanços recentes estão seriamente ameaçados de grave retrocesso. De fato, sem que tenham sido devidamente apresentados os motivos para isso, no último dia 17, foi anunciada abruptamente a substituição de Jacques Pena na presidência do banco. Registre-se que esta é a segunda vez que a presidência do BRB é trocada em menos de dois anos.

 

Registre-se também que essa instabilidade no comando da instituição pode comprometer a sua gestão e fragilizar o seu desempenho no mercado financeiro, haja vista a descontinuidade na definição de prioridades e na execução do planejamento traçado.

 

O novo presidente indicado por Agnelo é Abdon Henrique, empresário, amigo pessoal do governador, e, ao que me consta, sem qualquer experiência na área bancária ou no mercado financeiro. Não estão claros os critérios adotados na escolha do Abdon e tampouco se tais critérios são compatíveis com os princípios republicanos que devem nortear a gestão da coisa pública.

 

Não me parece que a forma, sem consulta aos anseios da corporação e aos atores que historicamente com ela são compromissados, e o mérito da decisão tenham primado pelo conhecimento detido a respeito da vida e missão institucional do banco. Também não parece que tenha havido a necessária e desejável sensibilidade aos percalços antes sofridos, cuja expectativa com a vinda do governo que apoiamos, mas não transigimos em apontar falhas, é justamente a reversão daquele quadro de maus momentos passados.

 

Ressalta no ar um clima de desrespeito, senão descaso com a história do BRB, sua importância para o DF e região, seus funcionários e clientes, sua situação e posição no mercado e no sistema bancário. Considero, portanto, que o governador Agnelo deveria oferecer explicações públicas mais detalhadas sobre esse caso, inclusive para que não pairem dúvidas sobre os reais motivos e interesses que levaram à substituição do presidente do BRB.

 

Por isso, coloco-me, como sempre, à disposição dos bancários e bancárias do BRB, para as providências que se façam devidas quanto ao andamento da gestão no banco, além das que, por compromisso, já estou tomando no sentido de esclarecer a motivação de mais uma descontinuidade administrativa, e defender a melhor vocação para o Banco de Brasília na sua função absolutamente imprescindível ao desenvolvimento do DF e centro-oeste.

 

Um forte abraço,

 

ERIKA KOKAY – Deputada Federal- PT

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