Dados da pesquisa “Projeto Renovando a Cidadania” realizada pelo Programa Providência de Elevação da Renda Familiar em conjunto com pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) apontam que das cerca de 2,5 mil pessoas consideradas moradoras de rua no Distrito Federal, 1.972 são adultos, 319 são crianças e 221, adolescentes. Do total de adultos, 71,5% são trabalhadores e apenas 10% pedem esmolas nas ruas.
De acordo com a pesquisa, o rendimento das pessoas que vivem em situação de rua varia entre R$ 70 e R$ 1.000 e apenas 9,9% dos adultos conseguem tirar mais de R$ 1.000 de renda. A maioria dos trabalhadores é flanelinha e lavador de carro, que correspondem a 21,3%, seguido de catadores com 19,3% e na área de construção civil 12,3%. Os números revelaram que 55,7% da população de adultos em situação de rua já trabalharam com carteira assinada, mas apenas 5,6% ainda trabalham nessa condição. Dos que já tiveram registro, 51,6% fizeram parte do mercado de trabalho formal apenas durante seis anos.
De acordo com Maria Salete Kern, professora de sociologia da UnB e coordenadora do Projeto Renovando a Cidadania, os resultados contrariaram as expectativas, pois grande parte dos moradores de rua não são mendigos como a maioria da população acredita. “A maioria dos moradores de rua são de cidades vizinhas que vem para Brasília procurar trabalho. Na época de fim de ano o número de pessoas aumenta devido ao número de vagas de trabalho”, diz.
Renovando a Cidadania – O Projeto Renovando a Cidadania realizou o levantamento detalhado da população de rua do Distrito Federal em 2011, identificando causas e buscando informações que permitiram compreender melhor a situação dessa parcela da sociedade e que serviram de subsídio para a elaboração de políticas públicas específicas para essas pessoas.
De acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest), serviços do governo são disponibilizados para pessoas em situação de rua. Atualmente, existem quatro equipes de abordagem social, compostas por educadores sociais de rua, que atendem pessoas em situação de rua em todo o Distrito Federal. O objetivo do serviço é auxiliar na construção do processo de saída das ruas e possibilitar condições de acesso à rede de serviços e a benefício assistenciais.
A Secretaria também possui 04 unidades de acolhimento que atendem pessoas em situação de rua, fornecendo abrigamento provisório. Em julho deste ano, um Centro Especializado para a População em Situação de Rua foi inaugurado. A unidade tem como objetivo garantir atendimento assistencial, oferecer atividades educativas voltadas para o fortalecimento comunitário e a sociabilidade, e possibilitar novos projetos de vida.
Confira as atividades realizadas pela população em situação de rua adulta do DF:
Lava/guarda carros/flanelinha – 21,3%
Catador de materiais recicláveis – 19,3%
Construção civil/pedreiro/pintor – 12,3%
Pede (mendicância) – 10,6%
Sobrevive com benefício governamental – 6,0%
Comércio – 4,3%
Recebe ajuda da família/instituições – 3,9%
Motorista/Entregas/Frete – 3,6%
Limpeza/faxina – 3,0%
Jardinagem – 2,2%
Furtos/Venda drogas – 1,8%
Distribuição de panfletos – 1,5%
Outra – 7,9%
Com informações do R7.