Aluno denuncia professor por racismo em escola pública do DF

Publicado em: 23/11/2012

“Oh neguinho, cala a boca”! Teria dito um professor a um jovem de 17 anos do segundo ano do ensino médio do Centro Educacional IV, em Sobradinho II, região administrativa do Distrito Federal. O rapaz conta que quem disse isso foi o professor de filosofia, que foi acusado de racismo em boletim de ocorrência registrado na delegacia da cidade.

O professor vai responder por injúria racial e o jovem relatou que se sentiu humilhado. “Porque ele falou uma coisa dessas em uma sala de mais de 30 alunos. E justamente um dia depois do Dia da Consciência Negra”, questiona contando como foi o ocorrido: “Em tom alto ele gritou lá na frente: “Oh neguinho, cala a boca”. Aí eu falei que ele me dava aula há dois meses e que sabia muito bem o meu nome. Aí ele falou que tinha esquecido o meu nome, mas a chamada estava na frente dele”, argumentou.

 

De acordo com o coordenador pedagógico da escola, o professor pediu desculpas ao aluno, em público, ainda na sala de aula. Além disso, disse que o conselho escolar puniu o professor com uma advertência por escrito. A família do estudante também vai ser chamada para conversar sobre o assunto. O professor não quis falar sobre o caso.

 

Racismo – De acordo com Secretaria de Segurança Pública, entre janeiro de 2010 e junho de 2012, 120 ocorrências de crimes relacionados ao preconceito foram registradas no DF, sendo 35 casos em 2012. A maior parte – 19 ocorrências – foi no Plano Piloto. Esta semana, a Secretaria da Igualdade Racial do DF lançou o disque-racismo, em homenagem ao Dia da Consciência Negra. O serviço deverá funcionar a partir de 2013 e através dele, as denúncias deverão ser feitas por telefone e o cidadão poderá acompanhar o andamento de cada uma delas.

 

Outros casos – Em agosto deste ano, uma mulher foi acusada de racismo por gritar com uma gari negra que usava o mesmo banheiro que ela em um supermercado no Lago Sul, região administrativa do DF. A vítima, Francisca Genival, relata que uma aposentada de 60 anos não teria gostado de ela ter usado o banheiro.

 

Também em agosto, uma servidora da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) foi indiciada por injúria racial, acusada de chamar uma estagiária de “macaca”. Luana Santos Conceição contou que por conta da greve de servidores, os processos se acumularam e quando ela levou a papelada para a analista de processos Clenilma Borges Santiago, teria sido recebida com hostilidade. “Alguém segura essa macaca. Olha o tanto de serviço que ela jogou na minha mesa”, teria dito Clenilma. A jovem conta que após o ocorrido não conseguiu continuar o trabalho.

 

No mês anterior, um homem foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) a pagar indenização de R$ 15 mil por crime de racismo por ter ofendido uma mulher negra.  A ofensa aconteceu dentro de um ônibus, quando o condenado cuspiu no rosto da mulher e a chamou de “negrinha safada”. Testemunhas confirmaram a agressão.

 

Em maio, o médico Heverton Octacílio de Campos Menezes, 62 anos, foi indiciado por racismo pela Polícia Civil por ter agredido uma bilheteira de cinema em um shopping. Ele já tinha outras passagens pelo mesmo crime. De 1994 a 2009 foram registradas nove ocorrências contra Menezes. Neste mês o TJDFT rejeitou pedido de absolvição da defesa do médico.

 

 

 

Com informações da TV Record.

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