A Lei de Acesso à Informação está dando pano para a manga. Há uma semana sindicalistas e governo brigam na Justiça pela divulgação dos contracheques de servidores públicos na internet. Os sindicalistas consideram a medida invasiva, constrangedora e perigosa. Já o Buriti sustenta que é tudo em nome da transparência.
O que foi divulgado até o momento revela contracheques de médicos da rede pública de saúde com salários de R$ 70 mil. Catorze médicos ganharam em maio acima de R$ 40 mil, todos receberam mais de R$ 15 mil em horas extras em um mês.
No Distrito Federal, há 6.302 médicos que trabalham para a rede pública. Na categoria, existem variações de salários. Os que ganham menos estão em início de carreira e não têm titularidade: R$ 5,8 mil. Os mais antigos, perto da aposentadoria, chegam remunerações de mais de R$ 40 mil em função do pagamento de horas extras.
Há pelo menos 14 profissionais cujos contracheques apontaram remunerações acima desse valor. São 12 doutores e duas doutoras com horas extras entre R$ 15.995,07 e R$ 18.719,64 que somadas aos salários — já no teto da remuneração constitucional — acumulam um vencimento para lá de generoso.
Opinião – É vergonhoso divulgar salários de funcionários públicos, independente de que sejam médicos ou ministros (que também têm salários exorbitantes). O funcionário corre diversos riscos a partir do momento que sua vida financeira está exposta para todo mundo. Diferentemente do governador e autoridades estrelas, os médicos não andam com seguranças nem têm carros funcionais com motoristas. Para quem estuda pelo menos sete anos e trabalha com a vida do ser humano, é até um salário razoável. Diferente dos deputados federais e senadores que ganham até mais do que isso e fazem o quê? É muita baixaria desviar o foco deles mesmos e colocar a "polêmica" nas costas de trabalhadores.