Agnelo Queiroz e o vazamento seletivo de denúncias na Operação Monte Carlo

Publicado em: 02/05/2012

O vazamento de grande parte do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a ligação do senador Demóstenes Torres (sem Partido-GO) com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, serviu para mostrar um lado da grande imprensa que boa parte da população desconhecia: o manipulador de informações, que vazava seletivamente o que interessava, de modo a atacar pessoas escolhidas a dedo. Agnelo Queiroz (PT) governador do Distrito Federal parece ter sido uma das escolhas para foco (+aqui).

Agnelo foi citado em gravações que constam do apenso 03 do inquérito, antes de vazar o que foi publicado como sendo a íntegra. Ele era chamado pelos articuladores do esquema como sendo 01 ou Magrão, de acordo com a Polícia Federal (+aqui). Ocorre que nos apensos seguintes as conversas giravam em torno do telefone de Agnelo, que o esquema tentava incessantemente conseguir, para que o grupo conseguisse benefícios junto ao GDF, mas sem sucesso. Além disso, mais à frente saiu a informação de que 01 Magrão não seria Agnelo (+aqui).

Do Apenso 05 em diante, as gravações mostram que o grupo mudou de alvo, passando a procurar pelo vice governador Tadeu Filipelli (PMDB), que segundo o próprio Cachoeira, seria quem iria governar o DF. No anexo 07 o grupo comenta o fato de que Filipelli tinha contrato com o jornalista Mino Pedrosa ex(?) assessor de Cachoeira. Na conversa, Idalberto Matias, o araponga Dadá comenta com o policial e dono da agência de publicidade Plá, Marcelão que Mino receberia R$ 100 mil mensais de Filipelli, para detonar Agnelo. Na mesma conversa, os dois levantam a hipótese de que o blogueiro Edmilson dos Santos, o Edson Sombra, também deve ser financiado pela mesma fonte, ou seja, o vice governador (+aqui). Sombra nega.

Vale citar que a mesma imprensa que vazou seletivamente conversas que poderiam comprometer Agnelo, omitiu conversas que comprometem outro governador, o de Goiás Marconi Perillo (PSDB). 

 

 

Imprensa seletiva – Após ler as referências das denúncias contra Agnelo, numa rápida pesquisa constatamos que tais denúncias realmente eram publicadas em blogs, como o QuidNovi do Pedrosa e o do Sombra, mantido por Edson e depois eram repercutidas em veículos de grande circulação nacional, como a revista Veja e a Época, que também são citadas em conversas constantes no inquérito, como instrumentos do esquema de Cachoeira.

Nas conversas do apenso 07, além de falarem sobre uma aproximação com Filipelli, as conversas citam uma denúncia que o Procurador Geral da República Roberto Gurgel faria contra Agnelo e que o “gordinho”, que é o senador Demóstenes deveria esperar antes de usar a tribuna e a imprensa para “bater” em Agnelo.

Vale lembrar ainda, que Demóstenes esteve na Câmara Legislativa do DF no mês de outubro do ano passado pedindo o impeachment de Agnelo (veja vídeo). Diante dos fatos, ousamos dizer que, se Agnelo está envolvido em falcatruas, pelo que consta no inquérito da Operação Monte Carlo, não é com o grupo de Cachoeira. 

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