A Polícia Federal captou três diálogos que dão a entender que o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) teria negociou para que a Prefeitura de Anápolis (GO) pagasse R$ 20 milhões à empreiteira Delta. A dívida pertenceria à empresa Queiroz Galvão que foi comprada pela Delta por R$ 4,5 milhões, segundo os áudios. A prefeitura de Anápolis confirmou a negociação, mas afirmou que a dívida ainda não foi paga.
A dívida foi de um contrato de recolhimento do lixo, que era pela Queiroz Galvão e hoje está sob responsabilidade da Delta. A Procuradoria-Geral da República (PGR) quer usar os áudios para apontar indícios de que Demóstenes seria “sócio oculto” da Delta.
Em um dos diálogos entre o senador e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, gravado em 9 de julho de 2011, Demóstenes relatou a Cachoeira detalhes de uma reunião que teve com o prefeito de Anápolis, Antonio Gomide (PT).
Demóstenes disse a Cachoeira que o prefeito concordava em pagar 50% por meio de precatórios e negociar os outros 50% da dívida. Em contrapartida, Gomide teria pedido “por mês tanto, que eu tô no fim da minha gestão e preciso ganhar a eleição”. Cachoeira responde: “Ele só quer graça”.
Na mesma conversa, Demóstenes diz a Cachoeira que o prefeito havia marcado um encontro com Claudio Abreu, então diretor da Delta no Centro-Oeste. “Ele pediu pro Claudio voltar a falar com ele de novo”, disse Demóstenes.
Verba indenizatória – Além disso, a PF acusou um posto de gasolina de receber recursos da Delta Construções por meio das empresas de fachada Brava Construções e Alberto & Pantoja, que seriam ligadas a Cachoeira.
Uma reportagem publicada neste domingo (22) no jornal O Globo indica que o Posto T-10 em Goiânia, usou os valores para financiar a campanha do senador Demóstenes e que o estabelecimento teria fornecido a parlamentares notas fiscais para reembolso do Congresso, que totalizam R$ 381,5 mil nos últimos três anos, sendo R$ 133 mil do gabinete de Demóstenes.
Além do senador, na Câmara dos Deputados Jovair Arantes (PTB-GO) apresentou comprovantes que totalizam R$ 140,4 mil e Sandro Mabel (PMDB-GO) apresentou notas que somam R$ 103,8 mil.