Nesta segunda (09), o secretário de segurança pública, Sandro Avelar anunciou o coronel Suamir Santana como novo comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, no lugar do coronel Sebastião Davi Gouveia. Suamir deixa o cargo de secretário-adjunto de segurança pública. A decisão do governador Agnelo Queiroz acontece dias após vazar a informação de que policiais teriam comemorado a insegurança e o aumento de crimes no DF, em redes sociais na internet.
Desde o dia 15 de fevereiro, a PM do DF deflagrou a chamada Operação Tartaruga e realiza manifestações reivindicando reajustes salariais (veja matéria). Consequentemente, há uma onda de violência no DF e entorno. De acordo com levantamento preliminar da Secretaria de Segurança Pública, durante o feriado de Páscoa 11 homicídios e um latrocínio foram registrados no DF. Também foram registradas 17 tentativas de homicídio e 13 roubos com restrição de liberdade.
Sandro Avelar afirmou que a troca de comando quer recuperar princípios da corporação e que o antigo comandante se empenhou para isto, porém os comandados não partilham da ideia. “O que se espera de uma instituição que tem como pilares o princípio da disciplina e da hierarquia é que sejam resgatados esses princípios”, declarou.
O secretário informou que, caso seja confirmado o envolvimento de PM’s com as mensagens, os responsáveis serão exemplarmente punidos e que o governador disse estar “extremamente indignado e preocupado” com os comentários atribuídos a policiais militares, publicados na internet.
Postagens – Uma das mensagens que teria sido postada por um PM em uma comunidade restrita a integrantes da corporação, um internauta postou: “Venho através dessa comunidade agradecer pela ação do bandido, que trouxe à tona nosso movimento”. Ele estaria se referindo à morte de um jovem de 31 anos durante um assalto na 413 Norte, na última sexta (07).
O corregedor da corporação, coronel Francisco Carlos da Silva Niño, afirmou à imprensa que o caso está sob investigação e se ficar comprovado que as mensagens foram postadas por policiais, os responsáveis estarão sujeitos a sanções administrativas e até a expulsão da corporação. Niño disse também que a polícia tem como rastrear os autores das mensagens e que isso já foi feito em outro caso.
Outra postagem explicava a PM’s como proceder durante a operação Tartaruga, dando conselhos como usar pouco o rádio, para que os superiores não ficassem sabendo de ocorrências; evitar sair de seus postos e evitar tomar atitudes que os comprometam, pois “procuram alguém para Cristo”.
Para Avelar, os efeitos do movimento dos policiais e bombeiros militares é percebido. “Temos observado que há realmente uma movimentação de alguns policiais no sentido de deixar de atender ocorrências dentro do prazo que se espera. A gente observa é que existem comandantes de batalhões que estão vendo que os seus comandados não estão cumprindo as determinações de fazer um policiamento nas ruas de maneira ostensiva, de maneira intensificada, com abordagens. A gente precisa que, nestes casos, providências sejam tomadas.”
O corregedor-geral da PM informou que também haverá punição se for comprovado um caso concreto resultante da Operação Tartaruga. “Havendo um caso concreto que mostre que houve omissão, o comandante de uma unidade pode ser afastado sumariamente da função”, avisou.
Reivindicações – Oficiais e praças da PM e dos bombeiros reivindicam a isonomia salarial com outros setores da segurança pública do DF; política de promoções independentemente de oferta de vaga e tratamento igual entre ativos e inativos.
De acordo com a Associação dos Oficiais da Polícia Militar (AFOF), atualmente no DF, bombeiros e policiais militares em início de carreira recebem R$ 4,5 mil brutos, com auxílio-alimentação incluso. Já policiais e bombeiros militares em formação recebem cerca de R$ 3,5 mil por mês.