A mãe do recém nascido abandonado próximo a um supermercado na 402/403 Norte se apresentou à polícia. De acordo com a polícia, a empregada doméstica de 19 anos estaria arrependida e procurou a 2ª Delegacia de Polícia na Asa Norte e relatou que a gravidez seria resultado de estupro, sofrido em Cavalcante (GO), onde morava antes de se mudar para Brasília.
Na delegacia, ela contou que resolveu abandonar a criança, porque teve vergonha e escondeu a gravidez dos parentes, amigos e patrões. De acordo com o delegado Vicente Paranahiba, da 2ª DP ela contou que acreditava que as pessoas não iriam aceitar a situação. A mulher afirmou ainda que vai entregar a criança para adoção. Segundo a polícia, ela deve responder em liberdade a um processo por abandono de incapaz. Em casos como este, a pena varia entre seis meses e dois anos de prisão.
Recém nascido – O menino de 10 meses e 3,3 kg foi encontrado na última sexta (06) por moradores de rua, que estranharam o movimento em uma bolsa preta perto da garagem de um supermercado na quadra 402/403 na Asa Norte e pediram ajuda a um casal de comerciantes que estavam em frente ao estabelecimento. Ao abrir a bolsa, se depararam com a criança, enrolada em uma toalha.
O bebê continuava internado em observação até a tarde de sábado (07) no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), e passa bem. Quando tiver alta, deve ficar sob a guarda do Conselho Tutelar de Brasília e da Vara da Infância e da Juventude.
Estupro – Na delegacia, a empregada doméstica, que não teve o nome divulgado contou ter passado o dia sem saber o que fazer, quando enfim decidiu procurar a Polícia Civil para dar explicações sobre o abandono do recém nascido. O delegado da 2ª DP relata que a mulher teria afirmado que sofreu abuso em Cavalcante, no estado do Goiás e que não chegou a registrar ocorrência do abuso sexual. Dois meses depois veio para Brasília e conseguiu emprego com um casal na Asa Norte.
O parto – Os patrões viajaram antes do Natal e ela ficou sozinha no imóvel. Teria realizado o parto sozinha, no último dia 26, quando sentiu as contrações. Segundo ela mesma, o cordão umbilical foi cortado com uma faca que ela mesma esquentou antes do parto. Segundo Vicente, a moça contou ainda que primeira alimentação que deu ao filho foi mingau de aveia. Quando se recuperou, foi ao comércio para comprar leite e fraldas e lavou os lençóis onde deu à luz. Ela cuidou do filho por 10 dias.
Abandono – O delegado conta que a mulher afirmou ter tentado contar a história para um familiar, mas não conseguiu contato e que os patrões chegariam de viagem na sexta-feira, então ela abandonou o bebê na véspera, mas se arrependeu e voltou ao estacionamento do supermercado. Ao retornar, percebeu a movimentação das pessoas que encontraram o bebê e teve medo das consequências, desistindo de pegar o filho de volta.
Investigações – A polícia já ouviu a mãe da criança, os patrões dela e o morador de rua que achou o menino e segundo Vicente, os depoimentos coincidem e a história é verossímil. A polícia vai analisar os vestígios de que a empregada doméstica fez sozinha ganhou o próprio parto, através da perícia em marcas de sangue encontradas no colchão. A mãe deve ser submetida a exames no Instituto de Medicina Legal (IML) e a previsão é de que até o fim da semana, o inquérito esteja concluído.