A maior obra do PAC a Transposição do São Francisco está abandonada, revela O Estadão

Publicado em: 04/12/2011

Em tempos de polêmicas ambientais, como a construção de Belo Monte, derramamento de óleo na Bacia de Campos e eminência da votação do Código Florestal, não dá pra esquecer das obras de transposição do Rio São Francisco. Na edição de hoje do Jornal O Estado de São Paulo, uma reportagem lembra que a obra está parada.

De acordo com o Ministério da Integração Nacional, a conservação da obra já feita seria de responsabilidade é das empresas contratadas a conservação do que já foi feito e que cabe a essas empresas refazer o que está se deteriorando. Novas licitações devem ser feitas no ano que vem, para as chamadas obras complementares, mas ainda não há acordo entre as empreiteiras e o Ministério. Ainda segundo a pasta, as obras estão paralisadas em 6 dos 14 lotes e em um deles o serviço ainda será licitado.

A obra da transposição iniciou em 2007 e, já em 2008, quando Luís Inácio Lula da Silva ainda era o presidente e Dilma sua ministra-chefe da Casa civil, com os canteiros em funcionamento, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi responsável por vistoria pela região, com fins marketeiros. Os dividendos eleitorais teriam sido colhidos por Dilma, que em Pernambuco, onde começa o desvio das águas, obteve mais de 75% dos votos válidos no segundo turno da eleição. Onde as obras estão agora abandonadas, o desempenho da presidenta foi ainda melhor: Em Floresta, foram 86,3%; em Cabrobó e Custódia, 90,7%; e em Betânia, 95,4%.

Adiamentos sucessivos – Prometida para o final do governo Lula, a obra tem seu prazo de entrega sucessivamente adiado. A nova previsão é concluir os 220 quilômetros do eixo leste, de Floresta a Monteiro (PB), até o fim de 2014 e terminar no ano seguinte os 402 quilômetros do eixo norte, que sai de Cabrobó para levar água ao Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A obra está atualmente orçada em R$ 6,8 bilhões, 36% a mais do que a projeção inicial. Segundo o ministério, foram empenhados R$ 3,8 bilhões para a obra e pagos R$ 2,7 bilhões às construtoras. O Estadão denuncia que as únicas exceções foram as partes da transposição sob responsabilidade do Exército. O restante está paralisado e o que foi feito, sofre com esse abandono. A parte que aparece com as maiores avarias está no lote 10 da obra, que teve as obras iniciadas pelas construtoras Emsa e Mendes Júnior.

A Mendes Júnior informou não participar mais do consórcio, enquanto a Emsa não enviou respostas aos questionamentos. Já as construtoras Camter e Egesa, responsáveis por outros trechos já avariados também nada responderam. O Ministério da Integração disse já ter sido informado das rachaduras e notificado a Emsa por ofício em 26 de outubro e que as obras da empresa serão retomadas em janeiro de 2012.

Reportagem – De acordo com o Estadão, a transposição do Rio São Francisco que foi cenário da propaganda eleitoral e responsável por boa parte dos votos no Nordeste, da Presidenta Dilma Roussef hoje parece cena de faroeste com vilas fantasmas e um povo com poucas esperanças de ver o progresso. A reportagem conta que obra foi abandonada pelas construtoras e, por isso o trabalho feito começa a se perder.

A reportagem de O Estado de São Paulo esteve na região na semana passada, durante três dias e percorreu trechos da obra em Pernambuco, na cidade de Floresta a cerca de 300 km de Petrolina, guiados pelo padre Sebastião Gonçalves e o agricultor Manoel Joaquim da Silva. Lá, relatam que encontraram estruturas de concreto estouradas e com rachaduras, vergalhões de aço abandonados e diversos trechos em que o concreto fica lado a lado com a terra seca do sertão nordestino.


Foto e dados: Estadão

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