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Em posse de Aldo, Dilma manda recado à Fifa e à CBF

Publicado em: 01/11/2011

Do Valor Econômico – Por Fernando Exman e Yvna Sousa. De Brasília – A mudança no comando do Ministério do Esporte não alterará a postura da Pasta junto a seus interlocutores nas negociações para a organização da Copa do Mundo de 2014, sinalizou ontem a presidente Dilma Rousseff.

O deputado Aldo Rebelo (SP) substituiu Orlando Silva na chefia do Ministério do Esporte, mantendo a Pasta sob o controle do PCdoB. Silva deixou o cargo devido a denúncias de que participaria de um suposto esquema de desvio de recursos repassados pelo ministério a organizações não governamentais, acusações rechaçadas pelo ex-ministro e seu partido.

“Esta cerimônia não estava nos meus planos, nos planos do governo”, discursou Dilma durante a posse de Aldo a uma plateia repleta de parlamentares, ministros, governadores, prefeitos, dirigentes esportivos e ex-atletas. “As mudanças podem ocorrer, e as pessoas podem nos deixar, mas as políticas e as linhas de ação terão de ser preservadas.”

O governo federal e a Federação Internacional de Futebol (Fifa) travam uma batalha em relação aos termos da Lei Geral da Copa. A Fifa tenta evitar, por exemplo, a concessão de descontos a idosos e estudantes. Quer impor controles à transmissão de imagens do mundial e liberdade para vender bebidas alcoólicas nos estádios. Antes de deixar o ministério, Silva e o PCdoB argumentaram que as denúncias ocorriam devido ao papel do ministério na organização da Copa do Mundo.

Dilma pediu ao seu novo auxiliar, de quem já foi colega no governo Luiz Inácio Lula da Silva quando Aldo foi o responsável pela articulação política do Executivo, que estabeleça “relações claras” com os entes envolvidos na preparação da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. “Estou certa de que, como novo ministro do Esporte, saberá empreender, realizar e, quando for o caso, negociar a busca de soluções em que todos ganhem, principalmente e especialmente o Brasil e o povo brasileiro, sem que a ninguém seja imposto abdicar de princípios e de direitos legais em vigor no país”, sublinhou Dilma, que chegou a errar o sobrenome de novo auxiliar, chamando-o de Aldo “Rabelo” (sobrenome do presidente do seu partido) em vez de “Rebelo”.

Nomeado com a missão de promover uma limpeza nos convênios assinados pelo Ministério do Esporte com ONGs e demitir colegas de partido envolvidos em irregularidades, o novo ministro afirmou que o PCdoB não está acima das críticas e também está sujeito ao “erro humano”. Aldo ressaltou que não é “inimigo” das ONGs, mas adiantou que pretende privilegiar convênios com entes governamentais.

“A minha ideia é evitar convênios com essas organizações não governamentais, sem qualquer desprestígio para as ONGs, que têm um papel importante e que eu respeito muito”, disse. “Os (convênios) que estão em curso são contratos já formalizados. Se você rompe um contrato, há consequência jurídicas decorrentes desse seu ato. Agora, aqueles que forem encerrados a minha ideia é não renovar nem fazer novos, priorizar entes públicos ou outras instituições sem fins lucrativos.”

Aldo vem se debruçando desde o fim de semana sobre as ações do ministério, e tem analisado nomes para a sua equipe. Segundo Aldo, as mudanças na cúpula do ministério devem ser anunciadas a partir de hoje. “Haverá renovação.”

Apontado como um parlamentar próximo à cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o novo ministro do Esporte afirmou ter um bom relacionamento com dirigentes de clubes de futebol. “A CBF é uma das promotoras da Copa do Mundo. Quando há diferença de ideias entre aquilo que os entes privados desejam e o governo, não significa ruptura”, ponderou Aldo, ex-presidente de uma CPI criada para investigar o contrato assinado entre a CBF e a Nike. “Significa que vamos trabalhar em cooperação com CBF e Fifa, mas são entidades privadas que têm uma outra finalidade. O governo é um ente público e tem de pensar nos interesse da população e do país.”

A posse de Aldo também foi uma cerimônia de desagravo a Orlando Silva e ao PCdoB, partido acusado de aparelhar o Ministério do Esporte e beneficiar ONGs ligadas a seus filiados. “Perco um colaborador, mas preservo o apoio de um partido cuja presença no meu governo considero fundamental. O PCdoB tem sido, nos últimos nove anos, um parceiro leal e relevante do nosso projeto nacional de governo e de desenvolvimento”, sublinhou Dilma. “Ao longo da minha vida, compartilhei aspirações e certezas de transformação e soberania do Brasil com o PCdoB.”

Já Aldo afirmou que seu antecessor, mais do que inocente, é uma vítima das consequências da luta social e política. Aplaudido de pé pelos presentes quando afirmou ter convicção da sua inocência, Orlando Silva indicou que pretende disputar algum cargo nas eleições municipais de 2012. Evitou, no entanto, dizer a qual cargo poderá concorrer. O domicílio eleitoral do ex-ministro é o município de São Paulo.

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