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Agência de Comunicação FSB atua forte na Esplanada com aval de Temer

Publicado em: 25/08/2011

Do Quid Novi – “IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO, CONTENÇÃO DE DINÂMICAS ADVERSAS E GERENCIAMENTO DE CRISE IMPACTANTES PARA A IMAGEM INSTITUCIONAL”. É com esta “competência” que as empresas se apresentam nos Editais muitas vezes montados em seus próprios escritórios de representação na Capital da Republica.

Em matéria de Comunicação, a Era PT mudou tudo o que vinha acontecendo até então. A partir de agora o termo é Comunicação Corporativa, onde só empresas com “notória competência” podem alçar vôos na Esplanada dos Ministérios.

Durante o governo militar as grandes empreiteiras apresentavam, nas faturas, serviço de divulgação dos projetos, através de suas agências de publicidade.

Na década de 80, as empresas de publicidade ganharam espaço e, incluíam no seu pacote, assessoria de comunicação e outros serviços nada transparentes (complemento de salários de funcionários públicos, moradia, participações para várias autoridades, financiamento de campanhas políticas, entre outras facilidades). As mega agências participavam de licitações, a maioria dirigida, e bancavam os veículos de comunicação através das grandes verbas de publicidade, embutindo aí uma blindagem velada das ações públicas que não deviam ser divulgadas.

Agora, na era PT, ganharam o mercado as empresas de comunicação que tem como objetivo garantir a publicação e a não publicação de matérias do interesse do cliente.

Nos editais são cobrados “notória competência” e um conjunto de palavras que se confundem com o trabalho e o pagamento direto pelo silêncio dos pontos negativos que possam macular o Governo.

As Empresas de Comunicação se associam a colaboradores de renome que atuam na grande mídia e levam esses currículos para abrirem portas junto ao Governo. Curioso é que alguns dos representantes atuam também nos porões onde são feitos negócios obscuros com a verba pública.

Por muito tempo, reinou neste campo o Grupo Informe de Comunicação Integrada, comandado por Rebeca Scatrut, que apresentava em seu cartão de visita o nome do marido o renomado jornalista Ricardo Noblat. A presença da Informe em concorrências do Governo deixava as comissões de licitação em alerta para não cometerem nenhum deslize. Assim, o Grupo Informe foi praticamente único durante anos na Esplanada dos Ministérios. Até surgir, no mercado, a empresa carioca FSB Comunicações, iniciais do nome do patriarca Francisco Soares Brandão, muito conhecido nas recepções dos hotéis do Rio de Janeiro, onde durante anos prestou assessoria quando a empresa surgiu no mercado como Promoshow Produções Ltda.

Francisco Soares Brandão, que ascendeu ao mundo dos eventos graças à sociedade com o empresário da noite carioca Ricardo Amaral, não tardou entender que para crescer no ramo das licitações públicas teria de levar para o quadro da FSB estrelas do jornalismo brasileiro para poder lutar de igual para melhor com a pioneira Informe.

No portfólio da FSB constam vários prêmios no Jornalismo Brasileiro conquistados individualmente por profissionais que atuavam na grande mídia e hoje fazem parte do quadro societário da empresa.

Brasília é considerada ponto estratégico para abocanhar a grande verba publicitária liberada pelo Palácio do Planalto e autarquias federais. Nas principais assessorias atuam hoje publicitários e jornalistas de renome que recentemente estavam vinculados a grande mídia, tais como a ministra chefe da SECOM, Helena Chagas (ex- O Globo) , o ex- ministro Franklin Martins (ex-TV Globo), que mesmo fora da SECOM continua tendo força na distribuição de verba de Comunicação.

Para continuar no ramo das licitações, a Informe se associou a CDN –Comunicação e está na briga pelos contratos do Governo. Recentemente ganhou a licitação da SECOM, no valor de R$ 15 milhões para divulgar a imagem do Brasil no exterior, com foco na Copa e Olimpíadas.

O Governo disponibiliza mais de R$ 1 bilhão/ano para Comunicação. A FSB, em Brasília, conta com os serviços de um ex-assessor do vice-presidente da República Michel Temer para atender o PMDB, e dividir com outras empresas, o bolo do PT.

O jornalista Gustavo Krieger conquistou grande parte da Esplanada dos Ministérios com o aval de seu padrinho Michel Temer, que se empenha pessoalmente para garantir cada contrato. Do lado do PT, Kriger herdou o apadrinhamento do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci. O contato de Palocci veio através do jornalista Marcelo Neto (ex-diretor da TV Globo) e assessor de imprensa da Fazenda, afastado por conta do escândalo do caseiro Francenildo Pereira que derrubou Palocci do Ministério. Gustavo Krieger e a atual ministra da SECOM, Helena Chagas, também estiveram envolvidos no tal escândalo. Krieger, diretor da sucursal da Época, na ocasião, usou a revista para divulgar como furo de reportagem o estrato bancário do caseiro que acabou por configurar o crime de quebra de sigilo bancário. Helena, na época, chefe da sucursal de O Globo, em Brasília, colocou o caseiro nas mãos de Palocci. Marcelo, após o escândalo, foi contratado pela FSB para morder algumas contas do PT o que ficou muito fácil com as relações perigosas entre Helena, Marcelo e Krieger.

Mas como nem tudo são flores, um dos episódios não muito felizes da FSB foi há pouco mais de dois meses, quando a agência foi contratada como estrategista pela empresa de Palocci para blindar o ex-chefe da Casa Civil antes da queda. Krieger sugeriu, para salvar o ministro, uma entrevista exclusiva para o Jornal Nacional da TV Globo. No dia seguinte Palocci caiu.

As empresas de Comunicação atuam hoje com o velho esquema usado por Marcos Valério denunciado como o operador do Mensalão do PT.

Os contratos milionários de Comunicação já tem separado o pedágio para atender os interesses de ministros e presidentes de autarquias. Recentemente a FSB, através da dupla Gustavo Krieger e Gabriela Wolthers, abocanhou o contrato com a construtora Andrade Gutierrez, responsável pela reforma do estádio Mané Garrincha para a Copa de 2014.

O curioso é que a FSB atende o Ministério dos Esportes e recentemente ganhou por “notória competência”, portanto sem licitação, uma bagatela de R$ 260 mil, para dar um treinamento de IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO, CONTENÇÃO DE DINÂMICAS ADVERSAS E GERENCIAMENTO DE CRISE IMPACTANTES PARA A IMAGEM INSTITUCIONAL, no Instituto Serzedello Corrêa, ligado ao TCU – Tribunal de Contas da União. Detalhe:1- o TCU tem um processo, noticiado em janeiro de 2011 pela Revista Época, contra o Ministério dos Esportes relativo às contas da Andrade Gutierrez. 2- Gustavo Krieger tem laços estreitos com o vice-presidente do TCU ministro Ubiratan Aguiar. Ou seja, os clientes da FSB estão todos juntos e misturados, a salvo de qualquer contestação.

Só mais uma coisinha: um dos personagens mais ativos e menos conhecidos da história recente da política brasileira: o paulista Roberto Figueiredo do Amaral é pai de Gabriela Wolthers. Por quase três décadas, Amaral trabalhou como executivo da construtora Andrade Gutierrez, em São Paulo. Como diretor da empreiteira, desfrutava o convívio dos mais influentes políticos paulistas e fez história por sua desenvoltura no opaco mundo das empreiteiras e suas tratativas em busca de contratos de obras públicas. Paulo César Farias, o tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor, considerava Amaral “um mestre”. Sérgio Motta, ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso, seu amigo, o chamava, em tom de brincadeira, de “gênio do mal”.

Amaral fez do jornalista Humberto Braz o homem da mala da Andrade Gutierrez. Humberto era o responsável pelo pagamento de propinas e campanhas políticas financiadas pela empreiteira. Roberto Amaral indicou Braz para ser o homem de confiança do banqueiro Daniel Dantas. O jornalista passou a atuar nos “negócios” da Brasil Telecom até ser flagrado pela Polícia Federal tentando corromper o delegado que comandava a Operação Satiagarras.

Gustavo Krieger opera também para algumas empresas que não constam no portfólio da FSB. Recentemente, atendendo uma empresa de informática com interesses nos Ministérios e problemas no Tribunal de Contas, procurou uma revista de grande circulação nacional na tentativa de impedir a publicação de matéria que envolvia sua cliente.

O jornalista, apadrinhado pelo vice-presidente da República, era também muito ligado a Frederico da Silva Costa, ex-secretário executivo do Ministério do Turismo, que caiu por conta da Operação Voucher, no Amapá. Fred conseguiu manter o contrato da FSB com a Embratur, atendendo ao pedido do amigo Krieger, que vislumbrava o Ministério do Turismo com as grandes verbas da Copa e das Olimpíadas. O bolão da Embratur foi dividido com a Máquina de Notícias, que se utiliza também da contratação de jornalistas de renome, como o Expedito Filho, que sempre esteve à frente das grandes Revistas e Jornais. Hoje, Expedito faz vôo solo em empresa própria.

Nas últimas semanas, Gustavo Kriger não tem tido muita sorte e o azar tem resvalado na FSB. Uma briga entre seus padrinhos – Temer e Palocci – impediu que a FSB ganhasse a licitação no valor de R$ 2,9 milhões com cartas marcadas no Ministério da Agricultura. O presidente da comissão de licitação Israel Leonardo Batista, que já está sob proteção a testemunha, abriu a boca e melou a licitação e foi o golpe final para derrubar o ministro Wagner Rossi, protegido de Temer. Segundo o lobista Júlio César Fróes Fialho, que já prestou depoimento a PF, todos os contratos do Ministério da Agricultura pagavam pedágio de 20%. Resta saber como vai ficar a situação da FSB quando a licitação do Ministério da Agricultura para assessoria de Comunicação foi reaberta.

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