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O Porquê dos Mitos

Publicado em: 27/11/2022

Bernardo Assis Filho

 

Todo mito se encontra no registro do simbólico” disse Freud (*). “Eles formam uma estrutura permanente, que se relaciona simultaneamente ao passado, ao presente e ao futuro” completou Levi Strauss” (**).

 

A história é toda permeada por mitos. Da mitologia grega a mitologia religiosa, ambas presentes na ratio universal, passando por figuras magnânimas como Confúcio, Buda, e outros, temos que reconhecer o alcance das assertivas de Freud e Strauss sobre o tema.

 

Podemos entretanto considerar como uma das “estruturas” atávicas de mito, os preconceitos que acompanham a humanidade desde tempos imemoriais, e que são muito, mas muito mais profundos que os princípios. Cruzam nosso tempo, e seguem ao futuro, embora nesse percurso, e para o bem da humanidade, muitas incivilidades podem ser superadas.

 

Nessa categoria, destacamos os quatro preconceitos capitais: misoginia, racismo, homofobia e xenofobia. Eles estão presente em todos nós, todos, sem excessão. Uns conseguem reprimi-los com relativo sucesso (embora os atos falhos, lapsos e chistes denunciem sua muda onipresença) e avançar, na depuração civilizatória. Outros os exibem sem cerimônia, e os ostentam com clareza de expressão.

 

Quando ao longo da história, surgem lideres carismáticos que catalisam estas “emoções”, tornando esse lixo civilizatório orgulhoso de si, eles emergem dos bueiros psíquicos mais infectos, inundando as ruas, inclusive ou principalmente, as mais elegantes do lugar. Foi assim no passado remoto com Calígula, Constantino V e outros, e no presente com Hitler no século passado, e na atualidade com Trump e seus supremacistas do QAnon nos EEUU, e seu congênere no Brasil atual. Só para citar exemplos pontuais, dos inúmeros já ocorridos no curso da humanidade.

 

Portanto a escolha de um governante, aquele que vai ser o “seu” líder, não se dá exclusivamente pela sua plataforma política, ou para derrotar os oponentes com quem a pessoa não compactua. Escolhe-se um candidato por uma condição subjetiva, por identificação de caráter, seja consciente ou inconscientemente, que empodera o cidadão na livre assunção, tanto daqueles preconceitos atávicos citados, com toda sorte de conteúdos incivilizados que os habitam.

 

Porém numa visão histórica e espiritualista, é importante que estas incivilidades eclodam, apareçam, e este desvelamento pode resultar na sua superação, que poderá acompanhar o desenvolvimento da humanidade no seu devir, onde a noção do sagrado, do divino estará sempre ligada ao amor, e esta é uma hipótese que tem futuro.

 

Para sempre.

*Freud, S. O mal estar na civilização. **Levi, Strauss.C Antropologia estrutural

 

Bernardo Assis Filho é Psiquiatra

 

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