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Presidente do SindSaúde acusa Governador e sua mulher de comandar esquema de propina

Publicado em: 21/07/2016

Em depoimento aberto à CPI da Saúde da Câmara Legislativa nesta quarta-feira (21), a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, acusou o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, e sua esposa, Márcia Rollemberg, de comandarem um esquema de corrupção na Secretaria de Saúde do DF. “Na gravação de minha conversa com o vice-governador Renato Santana, fica claro que o governador Rollemberg autorizou o pagamento de propina na Secretaria de Saúde. Há de fato um meio podre lá dentro com a função de segurar processos para facilitar o pagamento a empresas do esquema. Tudo é controlado pelo governador e sua mulher”, apontou.

Marli Rodrigues apresentou à CPI documentos e gravações que, segundo ela, comprovam desvios na Saúde, porém, a maior parte das provas foi entregue ao Ministério Público. “Entreguei tudo que o MP solicitou e não tenho cópias daquele material, que é o resultado de meses de investigação. Nós servidores estamos cansados de presenciar tantas falcatruas, como a compra desnecessária de milhares de testes de gravidez para o SUS ou o superfaturamento na compra de kits da dengue”, explicou. A CPI aprovou requerimento solicitando ao MP cópia de todo o material entregue pela sindicalista. Marli trouxe, porém, um organograma feito à mão pelo ex-subsecretário de Saúde, Marco Júnior, para explicar as relações de poder dentro da pasta. Além disso, a sindicalista também entregou uma gravação em que Marcos Júnior explica a ligação dos operadores do esquema com o governador e sua esposa.

Visivelmente nervosa, a depoente precisou interromper sua fala algumas vezes para se recompor. Em um momento, fez referência aos filhos e às ameaças que sua família vem recebendo. “Tenho filhos, netos, irmãos e todos estão sob pressão. Ontem mesmo, ao deixar o sindicato, fui perseguida por um carro. Quero deixar claro que se qualquer coisa acontecer comigo ou com minha família, a culpa será do Rollemberg, um homem perigoso e vingativo”, acusou. Em resposta às alegações de ameaças, a comissão aprovou um requerimento solicitando à Polícia Civil proteção especial para a sindicalista.

Por várias vezes, a depoente foi questionada quanto à apresentação de provas concretas sobre o esquema de corrupção, sempre limitando-se a dizer que as informações estão todas em posse do Ministério Público ou nos documentos que ela acabara de entregar aos parlamentares. O relator da CPI da Saúde, deputado Lira (PHS), disse não ter saído satisfeito com o depoimento de Marli Rodrigues. “É até difícil elaborar um relatório se ela não apresenta nenhuma prova e sempre nos manda procurar o MP”, reclamou. E foi além: “Será que essas denúncias não surgem apenas para tentar desqualificar o governo na implantação das organizações sociais na Saúde?”.

Foi o deputado Roosevelt Vilela (PSB), no entanto, quem protagonizou o embate mais duro com a depoente. “Ela só trouxe fatos vazios, nada de concreto. O superfaturamento do kit da dengue, por exemplo, foi realizado pelo governo anterior, não por este. Ela afirma ter informações sobre fatos graves, mas não traz nada de concreto à CPI. Nós poderíamos pedir a prisão dela por falso testemunho. Essa senhora está interessada apenas numa disputa por poder”, acusou. Neste momento, o presidente da CPI, Wellington Luiz (PMDB), pediu respeito à testemunha e frisou que a natureza da investigação de uma CPI é se debruçar sobre indícios. “Não vamos esperar as provas caírem no nosso colo. É nosso trabalho apurar todas as informações e denúncias recebidas”, disse.

Os deputados Robério Negreiros (PSDB) e Cristiano Araújo (PSD), que tiveram seus nomes citados em gravações da sindicalista, manifestaram repúdio às acusações de envolvimento no esquema de corrupção na Saúde. “É uma menção despropositada de meu nome. Nunca me reuni com ninguém da Saúde e nem indiquei ninguém lá, até porque sou um deputado de oposição ao governo. O fato é que não posso controlar quem quer que fale em meu nome”, afirmou Robério Negreiros. Cristiano Araújo seguiu na mesma linha: “Não indiquei nenhum nome para a pasta e só estive lá umas duas ou três vezes para tratar de assuntos extremamente republicanos”.

Ao final da reunião, a CPI aprovou a convocação de Marco Júnior, Ricardo Cardoso dos Santos e Vanderlan Vieira, que tiveram seus nomes citados como operadores do esquema. Os depoimentos ainda não têm data definida. Após a oitiva de Marli Rodrigues, a CPI fez uma pausa e retomará os trabalhos ainda nesta tarde, quando será ouvido o vice-governador do Distrito Federal, Renato Santana, sobre o conteúdo dos áudios gravados pela sindicalista.

Éder Wen – CCS
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