Mais escolas instaladas em suas comunidades e a garantia da continuidade das aulas. Essas foram as principais reivindicações apresentadas por ciganos que vivem no DF na audiência pública, realizada na manhã desta terça-feira (8), pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da Câmara Legislativa. O debate foi proposto e coordenado pelo deputado Reginaldo Veras (PDT), presidente daquela comissão.
O distrital ressaltou que um dos maiores problemas a serem enfrentados pelo poder público em relação às comunidades ciganas é "a discriminação e o preconceito." E defendeu a necessidade de o Estado garantir a eles os mesmos direitos de cidadania das outras pessoas. "Precisamos ouvi-los e oferecer-lhes a inclusão no ambiente escolar", enfatizou.
Também o deputado Wasny de Roure (PT) ressaltou a necessidade de o poder público ter um "olhar diferenciado" para os problemas enfrentados pelas comunidades de ciganos. Ele destacou que a Comissão de Educação da Câmara Legislativa, que integra, tem atuado no sentido de dar voz aos segmentos considerados marginalizados.
O representante da Associação Nacional das Etnias Ciganas, Wanderleu da Rocha, comemorou o fato de os ciganos terem conquistado a concessão de áreas públicas para se instalarem no DF. Mas defendeu, em um manifesto lido no plenário, que eles tenham escolas em funcionamento nas suas tendas, adaptadas às suas características. "Precisamos do cumprimento do artigo 215 da Constituição Federal, que garante o direito de todos à educação", advertiu. Ele lamentou também as dificuldades que enfrentam para inserção dos jovens ciganos no mercado profissional.
"Este ano só tivemos escolas em seis meses. Nossas aulas foram interrompidas", afirmou o representante da comunidade cigana Calon, Aparecido da Silva, ao enfatizar que eles têm uma tenda armada disponível para as aulas. Segundo reclamou, a interrupção das aulas tem prejudicado as comunidades ciganas no processo de alfabetização, citando os casos dos grupos instalados no "Arrozal" e "Rota do Cavalo", nas proximidades de Sobradinho. Outros ciganos que se manifestaram reclamaram da falta de atenção do Estado quando solicitam matrículas próximas aos locais onde vivem. Alguns deles também cobraram obras de infraestrutura urbana nas comunidades.
Investimentos – A gerente de educação em diversidade da Subsecretaria de Educação Básica do DF, Ana José Marques, disse que um dos motivos da interrupção de aulas naquelas comunidades deveu-se à migração dos ciganos para outras localidades o que acabou gerando uma nova demanda, inclusive para contratação de novos professores. Ela defendeu, contudo, que no Plano Plurianual para educação a ser aprovado este ano sejam assegurados investimentos para a instalação de escolas voltadas às comunidades dos ciganos.
A coordenadora geral para as relações étnicos-raciais do Ministério da Educação, Maria Auxiliadora Lopes, explicou em detalhes as ações governamentais na área da educação voltadas para garantir o acesso às comunidades vítimas de "discriminação" por parte da sociedade. "Um dos nossos maiores desafios, em nossos grupos de trabalho específicos, é resolver os problemas de gestão", ponderou, cobrando também uma adequação dos conteúdos programáticos e materiais didáticos que garantam a inclusão social de todos os segmentos marginalizados.