A falta de dinheiro parou de uma só vez a saúde e a educação no Distrito Federal. O início do ano letivo foi adiado em Brasília porque parte das escolas está caindo aos pedaços. E, por falta de pagamento, muitas empresas também suspenderam os serviços nos hospitais. Sem manutenção, leitos de UTI fecharam.
O que estava ruim, ficou ainda pior. Um vazamento em uma UTI fez o local ser interditado. Na sexta-feira (09), parte dos salários atrasados dos servidores da saúde foi depositada pelo governo do DF. Já os funcionários da educação estão sem receber. Eles estão acampados em frente ao Palácio do Buriti, a sede do governo. A promessa é que o pagamento seja feito esta semana. E com as escolas precisando de reformas, o início do ano letivo foi adiado para depois do carnaval.
A notícia deixou a autônoma Sabrina Falcão muito preocupada. As férias dos dois filhos foram prorrogadas por mais duas semanas. As aulas só vão começar no dia 23 de fevereiro. “Como é que você trabalha com os meninos em casa, eu sou sozinha, com quem que vou deixar eles, é bem complicado isso”, questiona.
A cozinheira Maria da Silva também não sabe o que vai fazer com as filhas em casa. “É um tempo que eles vão ficar a mais do que aquele que eu já teria programado para o meu trabalho, fica difícil”, afirma.
Já a dona de casa Danielle Santarém teme que essas férias longas prejudiquem o aprendizado dos filhos, principalmente, o mais novo que precisa de atendimento especial. “Prejudica demais ele esse adiamento porque ele já está de férias desde dezembro do ano passado. Ele vai ficar praticamente três meses de férias”, diz.
O início das aulas na rede pública foi adiado pelo governo do Distrito Federal para fazer obras de manutenção nas escolas. Ao todo, 180 estão em situação precária. No vídeo, sujeira, mato alto, fios expostos, infiltração.
“Do jeito que está não temos como iniciar 2015, o ano letivo”, afirma a diretora da escola Angelita Amarante.
Os salários de professores e servidores da educação estão atrasados. Alguns não receberam nem a segunda parcela do décimo terceiro.
O atraso no pagamento de servidores e prestadores de serviço prejudica também o atendimento na área da saúde. Algumas das empresas que fazem manutenção nos hospitais públicos pararam de trabalhar em dezembro, ainda no governo anterior. E o resultado já está sendo sentido pela população. Em um hospital, um dos maiores do Distrito Federal, leitos de UTI estão interditados.
Um vazamento na tubulação abriu um buraco no teto. As imagens de celular feitas na madrugada de quinta-feira para sexta-feira mostram baldes espalhados pela UTI, 24 horas depois, um novo problema. Desta vez no pronto-socorro, a Defesa Civil isolou o local. Um vazamento de água quente da caldeira deixou o chão encharcado.
Em outro hospital, há mais de uma semana está faltando material de limpeza. Novas imagens de celular mostram cestos de roupa suja no corredor da maternidade e em frente à UTI.
Mais um hospital onde faltam médicos e até remédios básicos. O mecânico Antônio Marques teve que comprar dipirona para o irmão, que está internado com câncer na garganta. E precisa ser transferido para a UTI. “É desde o dia 2 que agente está aguardando, remédio, qualquer coisinha básica a gente tem que ir na farmácia, é dipirona, esparadrapo, sonda, essas coisas têm que comprar na farmácia, tem que sair daqui e ir comprar”, afirma.
Lá dentro, enfermaria lotada. Um acompanhante registrou pacientes esperando no corredor. Outros foram deixados no hall, em frente ao elevador.
Desde sexta-feira (09), cerca de 12 mil profissionais da saúde estão em greve por causa do atraso no pagamento. No fim de semana, o governo pagou os salários de dezembro.
“Falta ser pago para a saúde férias, décimo terceiro, e a diferença do décimo terceiro que não foi paga, sem contar ainda as horas extras que não foram pagas”, diz o Fernando da Costa Melo, do Sindicato dos Servidores da Saúde.
O novo secretário de saúde, João Batista Santos, diz está negociando com as empresas prestadoras de serviço para regularizar o atendimento. “É uma prioridade que a gente retome esses leitos de UTI e também o atendimento das emergências”, afirma.
O secretário disse também que a expectativa é de que o atendimento na rede pública de saúde só seja normalizado em três meses.
Fonte: Bom dia Brasil