A expansão de escolas bilíngues no Distrito Federal, que tenham Libras (Língua Brasileira de Sinais) como principal língua, foi uma das principais reivindicações apresentadas por professores que participaram na manhã desta terça-feira (30) da sessão solene que a Câmara Legislativa realizou para comemorar a Semana Distrital do Surdo. A autoria do evento é do deputado distrital Wellington Luiz (PMDB), autor da lei que criou a Escola Bilíngue Libras e Português Escrito, da Secretaria de Educação, em 2013. Dezenas de alunos da escola, localizada em Taguatinga, acompanharam a homenagem, no Plenário.
"De todas as leis que aprovei aqui, acredito que essa foi a mais importante e me deixa muito orgulhoso como parlamentar e ser humano", ressaltou o deputado. Ele explicou que a criação da escola – que hoje conta com cerca de 1.200 alunos – concretizou-se a partir das ideias dos professores que trabalham com alunos surdos.
A diretora da Escola Bilíngue, Maristela Bento, parabenizou os professores pela dedicação aos alunos e enfatizou que a criação da escola ocorreu em virtude da luta e engajamento dos alunos surdos. "O nosso sonho começou no Centro Educacional 6, de Taguatinga", lembrou, ao salientar que a escola tem se destacado "por uma educação de qualidade". Aproveitou para defender a criação de mais escolas de Libras no DF, a fim de atender a demanda crescente.
A subsecretária de Educação Básica, Edileuza da Silva, observou que o trabalho daquela escola "ajuda a romper as barreiras da exclusão social e a garantir mais acesso à cultura", beneficiando os alunos surdos. "Precisamos celebrar os avanços, mas temos também que lutar e reforçar nossos compromissos por mais conquistas", pregou. "Contamos com o apoio da Câmara Legislativa E com o engajamento dos deputados distritais", disse.
Entre os vários professores de Libras que se manifestaram na sessão solene prevaleceu o clima de emoção. A professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Edeilce Buzay, discursou em Libras e fez um relato da evolução do movimento em defesa do reconhecimento de Libras como uma língua oficial, no País. "Antes, muitos surdos tinham de se comunicar escondidos, em banheiros e refeitórios das escolas. Foi preciso muita ousadia para vencer os obstáculos do preconceito".
"Emancipação" – O mestre em línguística pela UnB e representante da comunidade de surdos Messias Costa, destacou as dificuldades enfrentadas por ele, quando aluno jovem, por não receber uma educação tradicional, com aulas oralizadas. "Hoje temos sete escolas bilíngues no País", comemorou, dizendo que estava feliz pelos resultados positivos da luta "pela autonomia e emancipação dos surdos".
O assessor especial da Governadoria do DF, professor Antônio Leitão, que é cego, disse que consolidação do ensino de Libras, em escola de tempo integral, só foi possível em virtude da "persistência" dos professores e alunos surdos. "Foi preciso paciência e cinismo, para fazer essa revolução", comentou, manifestando apoio à criação de mais escolas bilíngues no DF. "Nossos alunos surdos estão saindo da inclusão para uma coisa ainda melhor", defendeu.