O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Brasília mostra que o auxiliar de serviços gerais Antônio de Araújo, que desapareceu após uma abordagem policial em maio do ano passado, teve quatro costelas quebradas e sofreu hemorragia antes de morrer. A ossada de Araújo foi encontrada em novembro em uma área de cerrado em Planaltina.
De acordo com o laudo, as lesões nas costelas podem ter sido causadas por queda, acidente, agressões, socos ou chutes. Os peritos avaliam que as fraturas ocorreram em vida, e podem ter causado a morte de Araújo. O laudo descarta a tese de que o auxiliar de serviços gerais tenha sido morto a tiros. Segundo o IML, o exame radiológico dos restos mortais de Araújo “não evidenciou imagem compatível com projétil de arma de fogo ou fragmentos metálicos”.
Um exame da estrutura óssea de Araújo aponta a existência de fraturas nas costelas “produzidas por agente contundente”. Socos e chutes são exemplos de “ações contundentes” segundo os peritos. O estudo afirma ainda que “com frequência, estas fraturas” podem “causar dano intenso à saúde ou mesmo levar à morte”.
Os peritos relatam que não há como afirmar, com segurança, que o traumatismo que ocasionou as fraturas provocou a morte de Araújo devido ao período de decomposição do cadáver do auxiliar: “(…) como no momento da perícia, os órgãos internos [de Antônio] já haviam sido consumidos (…) não é possível fazer uma afirmativa inconteste relacionando o traumatismo à morte”.
Conforme o estudo da Polícia Civil, a morte de Antônio de Araújo ocorreu entre 27 de maio de 2013, data do desaparecimento do auxiliar, e 9 de outubro de 2013, quando os restos mortais do homem foram encontrados.
Entenda o caso – O auxiliar Antônio de Araújo desapareceu em 27 maio de 2013, após ser detido por seis policiais militares. De acordo com as investigações, ele foi levado até a 31ª DP, em Planaltina, suspeito de ter entrado na chácara de um sargento da PM, e foi liberado após os policiais verificarem que ele não tinha passagem criminal. Araújo deixou a delegacia na madrugada do dia 27 de maio e nunca mais foi visto.
No dia 2 de dezembro o caso foi encaminhado da Divisão de Repressão a Sequestro (DRS) para a Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida). De acordo com depoimento dos policiais, investigados pela corregedoria da Polícia Militar, o auxiliar não aceitou carona após ser liberado da delegacia e saiu a pé, sozinho.