Joaquim Roriz diz que será candidato ao governo do DF, mesmo com ficha suja

Publicado em: 09/12/2013

O ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PRTB) afirmou que será candidato e explicou que o processo a que responde no Supremo Tribunal Federal (STF), relativos à Lei da Ficha Limpa. Segundo Roriz, o processo ainda não foi concluído, o que, em tese, o permite disputar o Palácio do Buriti nas próximas eleições, inclusive usando algumas cartas na manga, como a escolha de uma das herdeiras para substituí-lo na corrida eleitoral. 

Porém, caso o STF julgue o recurso e decida pela manutenção da determinação anterior, a família Roriz corre o risco de sair da política. Em novembro deste ano, o Ministério Público recebeu uma denúncia do juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública do DF contra o ex-governador do DF Joaquim Roriz; suas filhas e neto, Jaqueline Roriz, Liliane Maria Roriz, Weslliane Maria Roriz Neuls e Rodrigo Domingos Roriz Abreu; um ex-presidente do BRB; dois diretores do banco; e dois empresários. 

Bezerra de ouro – Joaquim Roriz está com 77 anos e foi governador do DF por quatro vezes e também ocupou o cargo de ministro da Agricultura e Reforma Agrária nas duas primeiras semanas do governo Fernando Collor no início da década de 1990. Em 2006, foi eleito senador da República, mas no dia 04 de julho do ano seguinte precisou renunciar ao mandato por ter sido acusado de corrupção. 

Na época, ele foi flagrado, por meio de um grampo telefônico, combinando com o então presidente do Banco de Brasília (BRB), Tarcísio Franklim Moura, o desconto de um cheque de R$ 2,2 milhões para a compra do embrião de uma bezerra. O episódio ficou conhecido como \’Bezerra de Ouro\’ e um processo de cassação chegou a ser instaurado antes de Roriz renunciar ao mandato e resultou na inclusão do nome dele na Lei da Ficha Limpa, fato que o deixou inelegível até 2023, quando terá 87 anos e não poderá mais concorrer a nenhum cargo político. 

Agora, Roriz recorre da decisão no Supremo e luta com os advogados para reverter a situação. 

Em família – Em 2010, a poucos dias da eleição, Joaquim Roriz teve a candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por conta de problemas com a Lei da Ficha Limpa e em seu lugar, tentou emplacar a mulher, Weslian Roriz, que disputou no lugar do marido. A dona de casa, como se apresentava na campanha, chegou a disputar o segundo turno das eleições e perdeu para Agnelo Queiroz que venceu a disputa com 66,1% dos votos válidos. 

Nas eleições de 2014, Roriz pretende não usar a mesma estratégia, segundo informações repassadas pela assessoria de imprensa do político. Caso seja impugnado novamente, Weslian não irá concorrer ao cargo, mas é provável que uma das filhas sejam lançadas candidatas para sucedê-lo. Nos bastidores, circula que Jaqueline Roriz seja o \’plano B\’ oficial do pai. 

Em 2006, a parlamentar foi filmada recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do esquema que derrubou José Roberto Arruda, e chegou a ser pronunciada em processo de cassação aberto pela Câmara Legislativa do DF no ano de 2011. Na época, ela admitiu que o dinheiro seria usado para caixa dois de campanha, mas a defesa alegou que a cena aconteceu antes de ela ser eleita deputada, e que por isso não poderia ser cassada. Apesar de o Conselho de Ética ter recomendado a cassação do mandato de Jaqueline, o pedido foi negado pelo plenário da Casa. 

Filiação – Em setembro de 2013, Roriz tentou acertar a filiação no DEM, partido do também ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, mas teve o pedido negado pela Executiva Nacional do partido que agora tenta limpar a imagem e se afastar de novas polêmicas após o escândalo da Caixa de Pandora. 

Para poder concorrer ao GDF, Roriz decidiu filiar-se ao PRTB, presidido na capital federal pelo ex-senador Luiz Estevão, que teve o mandado cassado em 2000 por desvio de recursos públicos na obra do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo. A filha e deputada distrital Liliane Roriz também migrou para o mesmo partido o pai. Já Jaqueline Roriz, é filiada ao PMN. 

Alianças – Roriz agora tentar firmar alianças e parcerias para conseguir disputar o quinto mandato como governador do Distrito Federal e corre pelos bastidores que ele pode inclusive se unir ao ex-governador José Roberto Arruda, recém-filiado ao PR, e esquecer dos problemas passados. Roriz também estaria negociando apoios para a formação de um bloco político de centro-direita com a fusão de vários partidos, mas a informação ainda não foi confirmada oficialmente. 

Eleitorado – Mesmo com uma ficha suja com muitos processos, o eleitorado do DF ainda demonstra simpatia por Roriz, principalmente pelo fato de ele ter distribuído vários lotes durante os 14 anos que esteve à frente do DF, o que facilitou as ocupações irregulares e criação de grandes cidades, como a Favela do Sol Nascente, em Ceilândia (DF), atualmente considerada a maior da América Latina. 

Apartamentos – Sobre o processo mais atual, para o MPDFT, em 2004 os sócios de uma das empresas teriam buscado a intervenção do então governador do DF, Joaquim Roriz, para conseguir a concessão e repactuação de dois empréstimos irregulares junto ao BRB. O montante da operação teria sido usado na construção do edifício Monet, em Águas Claras (DF). 

Como recompensa, Roriz teria recebido doze apartamentos no referido condomínio, todos negociados de forma fictícia, em benefício dos familiares de Roriz citados na ação. Comprovadas as acusações, os réus poderão ser condenados a penas que vão desde a perda dos direitos políticos, devolução de prejuízos aos cofres públicos até pagamento de multa. 

Com informações do R7.

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