Everton Santos, que encontrou uma recém-nascida abandonada na chuva, em um matagal do Gama no Distrito Federal na madrugada da última quarta (09) está promovendo uma campanha no Facebook para conseguir adotar a criança. Junto com a noiva, ele tenta angariar apoio em uma petição pública. Um advogado que tem escritório em Águas Claras (DF) se solidarizou com a história e decidiu ajudar a família.
Ele disse que levou a ideia ao conhecimento dos médicos do Hospital Regional do Gama, onde a menina está internada, e da Vara da Infância e da Juventude (VIJ-DF) no dia seguinte, mas obteve respostas "ríspidas e indelicadas". “Os médicos não nos deixam ver a Clarinha, nome que eu e minha noiva demos carinhosamente. Eles dizem que não podemos criar vínculos afetivos. Já o pessoal da VIJ foi bastante grosso e disse que é melhor desistirmos, porque não temos chance alguma de adotá-la”, reclamou.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do DF informou que o bebê está na unidade de cuidados intermediários do Hospital Regional do Gama e encontra-se em estado estável.
Preferência – Procurada para comentar o assunto, a VIJ-DF esclareceu que, de fato, Everton não terá chances de adotar a criança em função dos procedimentos legais necessários. Antes da candidatura efetiva para ser pai adotivo, ele deverá passar por um curso preparatório e mover uma ação judicial. A VIJ explicou que 90% das famílias que estão na fila de espera de adoção têm como perfil crianças recém-nascidas e de cor branca, justamente as características físicas da menina que ele batizou como Clarinha.
A VIJ destaca ainda que o fato de ele ter encontrado o bebê não o coloca em preferência diante dos demais candidatos. Além disso, a Vara informou que assim que receber alta o bebê será levado para um centro de acolhimento até que a família biológica seja encontrada. Neste caso, se os pais, avós ou tios quiserem ficar com a guarda terão preferência.
“Apesar de dizerem que não temos chance por conta da legislação e o próprio advogado ter nos dito que vamos comprar uma briga com a própria Constituição Federal, temos esperanças. Em toda lei há uma brecha, uma lacuna ou uma vírgula. Por isso eu vou até onde conseguir para ter a guarda da criança. Não vou desistir”, disse Everton.
Entenda – Na última quarta (09), após ouvirem um choro, os irmãos Everton e Arlete Santos saíram de casa, caminharam pela quadra até que escutaram um gemido baixo vindo do mato. Eles encontraram uma recém-nascida com poucas horas de vida em um matagal na quadra 21 do Gama, no DF.
A menina ainda tinha o cordão umbilical e estava com as mãos e pés roxos, nasceu com 51 cm e 3 kg. Segundo um médico que a atendeu, quando foi encontrada, não tinha mais do que quatro horas de vida.
Com informações do R7.