Comissão da Verdade faz exumação que pode ser de líder camponês desaparecido na ditadura

Publicado em: 25/09/2013

A Comissão Nacional da Verdade coordenou nesta terça (24) a exumação dos restos mortais que podem ser do líder camponês Epaminondas Gomes de Oliveira, morto na década de 70 sob custódia do Exército. Membro do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT) e do Partido Comunista, Epaminondas foi morto em 20 de agosto de 1971, aos 68 anos, sob custódia do Exército. 

Ele havia sido preso dias antes em um garimpo na cidade de Ipixuna do Pará em decorrência de uma operação do Exército para prender lideranças políticas da oposição na região, segundo informações da Comissão da Verdade. O local onde o corpo de Epaminondas foi sepultado era desconhecida até então pelos familiares.

 

Na exumação dos restos mortais, enterrados no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, os peritos encontraram uma prótese dentária de prata durante as escavações, o que foi comemorado pela família, que afirma que Epaminondas usava esse tipo de prótese. Os peritos também encontraram ossos e peças metálicas que podem ser do caixão que abrigava o corpo, de acordo com assessoria da comissão.

 

Tortura – Nos documentos resgatados pela Comissão da Verdade, há registros de que Epaminondas passou pelos municípios de Jacundá (PA) e Imperatriz (MA), até ser levado a Brasília. A certidão de óbito do camponês indica que ele morreu de anemia e desnutrição, no Hospital da Guarnição Militar.

 

A família contesta a versão. “Uma pessoa que estava presente com ele contou que ele foi torturado até a morte. O atestado de óbito nunca convenceu a família. A gente sabia que ele foi espancado em Imperatriz”, conta o neto do camponês, Epaminondas Neto explicando que, com a exumação, a família espera a revelação de vestígios que mostrem eventuais marcas de tortura.

 

Perícia – O médico legista da Polícia Civil do Distrito Federal, Aloízio Trindade Filho, um dos peritos que trabalham no caso, garantiu que a ossada será examinada minuciosamente, à procura de eventuais traumatismos ou enfermidades. Serão realizados exames antropológico, toxicológico e de DNA, de acordo com Trindade Filho. O resultado do trabalho só deverá ser apresentado em dois ou três meses.

 

“Toda a terra que está em volta dos ossos também terá que ser examinada porque eventualmente se a pessoa morreu por disparo de arma de fogo esse projétil pode estar lá na terra. Então será passado detector de metal e toda terra será peneirada a procura de outros elementos, como dentes, projéteis”, explicou o perito.

 

A comissão apura violações aos direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar.

 

Com informações do G1.

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