Deputada do DF denuncia advogado de empresas de ônibus de Curitiba

Publicado em: 27/07/2013

Está longe de acabar a novela da licitação da renovação da frota de transporte coletivo do Distrito Federal. O caso agora foi parar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo, instalada na Câmara de Vereadores de Curitiba no Paraná. A deputada distrital Celina Leão (PSD) enviou para os vereadores que integram a CPI da Urbs denúncias contra o advogado Sacha Reck, consultor do Sindicato das Empresas de Transporte de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp).

Ela entregou documentos de acusação contra o escritório de advocacia Guilherme Gonçalves e Sacha Reck para o presidente da CPI, vereador Jorge Bernardi (PDT). “São cerca de quinhentas páginas tratando da licitação de Brasília. Ouvimos os dois lados, vamos analisar as informações e, se houver irregularidades, poderemos encaminhar à Polícia Federal ou ao Ministério Público”, afirmou Bernardi. Celina é autora de requerimento para a instalação de uma CPI do transporte público do DF.

 

A licitação do DF está sob suspeita e há um relatório do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) encaminhado ao Tribunal de Contas do DF (TCDF) dá conta de que há indícios de superfaturamento na definição da tarifa para a concorrência. Há ainda acusações de irregularidades no certame para beneficiar o grupo do empresário Nenê Constantino.

 

Fraude – A parlamentar acusa irregularidades e fraude na licitação do transporte público do DF, segundo ela, Reck foi o consultor do edital e também é advogado de um dos grupos que venceu o certame, o que favoreceria a obtenção de informações privilegiadas. “Tivemos envelopes que não foram abertos, inclusive com valores menores do que as concorrentes que venceram. Tínhamos empresas que propuseram tarifa a R$ 2,10 e a maioria das empresas ganhou com tarifa a 2,80”, denunciou a deputada.

 

Segundo Celina, o secretário de Transportes do Distrito Federal, José Walter Vasquez, disse que Reck era contratado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para prestar consultoria no processo de escolha das empresas de transporte. “Mas estou com documento do BID alegando que ele não é consultor da instituição. Qual é o objetivo deste advogado prestando consultoria ao governo? Filantropia?”, questionou Celina.

 

Ela aponta ainda que uma empresa do Paraná que venceu a licitação em Brasília tem o CNPJ em baixa. “Estamos falando de uma licitação de R$ 40 bilhões. Temos empresas do Paraná que ganharam lá com CNPJ baixado, documentação inexistente na Receita Federal. Quero saber se elas atuam aqui no Paraná”, questionou a deputada. Para Bernardi, a acusação pode afetar Curitiba. “Pode ter consequências no processo de licitação, se constatarmos que empresas não têm a documentação regular também aqui”, afirmou.

 

Defesa – Reck respondeu às acusações dizendo que sua família trabalha pelo transporte coletivo há muitos anos em Curitiba e colocou seu patrimônio à disposição para investigação. “Acompanho o transporte coletivo desde os cinco anos de idade. Meu pai foi diretor técnico da Urbs no governo Requião. Se existia alguém mais odiado pelas empresas do transporte era meu pai, que teve uma administração muito rígida.  Não há nada que desabone a figura do meu pai, da minha família”, alegou.

 

Ele afirma que as acusações contra ele partem somente do secretário do DF. “Todas as afirmações feitas pela Celina partiram do secretário José Walter Vasquez. Ela não perguntou nada para mim. Mas eu não tenho nada a esconder”. Ele negou que tenha contrato com o BID. “Eu nunca falei que fui contratado pelo BID. Com relação ao meu contrato com o Distrito Federal, não tenho nenhuma dúvida, de qualquer irregularidade sobre este contrato”. Segundo Reck, o escritório dele assessorou o Distrito Federal por meio de um contrato pago pelo BID, para prestar assessoria na licitação.

 

Com informações da Gazeta do Povo e RPC TV.

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