A Polícia Militar informou que 31 adultos e quatro adolescentes foram detidos nas manifestações desta quarta (26). Já a o balanço parcial da Secretaria de Segurança Pública, feito à 0hora deu conta de 40 presos e quatro policiais feridos, sendo um por bomba e outro por causa de uma garrafa. Está marcado para esta quinta (27) um protesto organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e apoiada pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).
A confusão de ontem (26) foi durante a manifestação na Esplanada dos Ministérios, que tinha na pauta protestos contra a aprovação da PEC 33, pelo fim do voto secreto e pela saída de Renan Calheiros da presidência do Senado. Segundo informações do R7 e do Correio Braziliense, após 9 horas de protesto pacífico, começaram os confrontos entre polícia e manifestantes.
A confusão teria começado quando policiais militares investiram contra pessoas que insistiam em ocupar o espelho d’água do Congresso Nacional. Um grupo reagiu com rojões contra os agentes de segurança e a cavalaria e a tropa de choque entraram em ação. Os policiais jogaram bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo na multidão, balas de borracha armas de choque para imobilizar suspeitos e spray de pimenta. Segundo o Correio, cinco carros da Rondas Táticas Motorizadas (Rotam) subiram no gramado e teriam partido para cima das pessoas, em ziguezagueando, sem fazer distinção entre vândalos e manifestantes. A PM nega possíveis excessos.
Dos manifestantes detidos, 20 adultos e quatro adolescentes foram detidos por invadir o shopping Pátio Brasil, na W3 Sul. Outros dois desacataram policiais, três são suspeitos de atirar pedras em um carro da polícia, um portava um facão, duas facas, dois canivetes, uma faca artesanal, um cassetete e uma máscara de gás e outro tinha maconha na mochila.
Abusos – Há relatos de abusos de policiais militares, como o de Bruno Roberto Brito, que estava com o rosto machucado e sangrando, caído perto da Rodoviária do Plano Piloto e disse ter sido espancado por militares durante a confusão no gramado central da Esplanada e o de um jornalista que teria sido perseguido por uma equipe da Rotam, mesmo após se identificar como jornalista, após abordar os policiais perguntando o motivo de uma das prisões. Em resposta, quase levou um golpe de cassetete e teve de correr para não ser imobilizado e preso.
Uma manifestante desmaiou e foi socorrida por outros três integrantes do protesto em frente ao Congresso Nacional. Ela teria sido atingida por spray de pimenta jogado por um policial contra um grupo que hostilizava agentes do Bope. O G1 afirmou que um de seus repórteres e outro da TV Globo também foram atacados por PM’s.
As forças de segurança deslocaram 4 mil policiais militares para a área central da cidade, além de cães, a cavalaria, helicópteros e blindados. Quando a Polícia Militar começou a fazer o arrastão na Esplanada, caminhões do Exército passaram pela N1, atrás dos ministérios. Por volta das 21h, quando começou a ficar tenso, os ativistas pacíficos começaram a se dispersar.
Apesar dos conflitos, a tensão no protesto de ontem foi bem menor em comparação com o da última quinta (20), quando o ato reuniu 35 mil pessoas e terminou em quebradeira e com cenas de vandalismo ao longo da Esplanada. A estimativa é de que ontem (26) cerca de cinco mil pessoas participaram dos protestos.
A Secretaria de Saúde divulgou balanço informando que até as 21h50 havia atendido dez pessoas. A pasta informou que foram sete policiais militares e dois bombeiros, além de uma mulher que sofreu intoxicação. As vítimas reclamaram de dores de cabeça e tontura, provavelmente provocadas por causa das bombas de gás lacrimogêneo. Ninguém foi levado para o hospital, apenas um PM foi encaminhado para fazer um Raio-X na Câmara do Deputados.
Manifestação – Estudantes fazem manifestação em Brasília nesta quinta (27) pedindo a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação. Para cumprir essa meta, prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Congresso Nacional, eles pedem que 100% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal sejam destinados à educação pública.
A manifestação ocorrerá após a aprovação pela Câmara dos Deputados de substitutivo ao Projeto de Lei 323/07. O texto destina 75% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação pública, com prioridade para a educação básica, e 25% para a saúde. “A UNE avalia que a onda de manifestações brasileiras revela a população em notável exercício da sua cidadania, em um movimento histórico que anseia interferir nos rumos da política brasileira e garantir um futuro melhor para todos”, diz a convocação divulgada pela entidade.
Outras pautas que também serão defendidas serão o passe livre estudantil, mais acessibilidade, qualidade e eficiência no transporte público, uma reforma política que acabe com o financiamento privado de campanhas eleitorais e a democratização dos meios de comunicação.