Em assembleia realizada em frente ao Palácio do Buriti (5/6), a presidente e ex-tesoureira do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues incitou a categoria a não dar ouvidos ao que chama de ‘burburinhos’ em relação aos comentários que correm nos corredores de todos os hospitais e centros de saúde do DF, sobre as denúncias apresentadas por cerca de 40 ex-funcionários do Sindicato à Polícia Civil e ao Ministério Público do Trabalho, por não terem recebido as rescisões trabalhistas, apropriação indébita de INSS e Fundo de Garantia e principalmente por indícios de práticas de desvio de dinheiro.
Mas contra fato, não há argumento. Por coincidência, no dia em que Marli Rodrigues levou a categoria a aprovar paralização por três dias em junho (5/6), a Secretaria de Estado e Saúde do Distrito Federal (SES-DF), recebeu notificação judicial, em que faz o sequestro dos repasses das contribuições dos servidores da saúde sindicalizados, para pagamento de multa aplicada pelo MPT ao SindSaúde, no valor de R$ 7,5 milhões.
A diretoria do SindSaúde que não perdeu oportunidade de pegar carona no movimento dos servidores públicos do Distrito Federal, após o GDF conceder reajuste de 69,5% aos médicos, como forma de lavar a alma e tentar se sair bem com a categoria, agora vive um novo dilema. Como poderá entrar em greve, sem recursos para conduzir a mobilização, custear ônibus para dar quórum às assembleias, pagar os funcionários, o aluguel da sede que ocupa, prédio de 6 andares, situada no Setor Comercial Sul, os advogados para processarem a imprensa e os ex-funcionários, além das despesas básicas.
A arrecadação do Sindicato, que só tem caído após a divulgação do Câmara em Pauta, da Rede Globo no DFTV (17/4), e de vários veículos da imprensa, hoje de cerca R$ 800 mil, deve gerar um comprometimento de no mínimo nove meses sem recursos para gerir a entidade. Caso a categoria declare greve e a justiça considere ilegal, o “apagão da saúde”, prometido pelo Sindicato, pode virar blecaute por falta de bala na agulha.
Enquanto aos ex-funcionários, que já tiveram as primeiras audiências no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), a proposta do SindSaúde, defensor dos direitos dos trabalhadores, é oferecer R$ 20 mil parcelados em 10 vezes, para não se fechar acordos em ações que variam entre R$ 30 e R$ 95 mil. No processo do escritório Raul Canal, distribuído no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios no dia 22 de abril, sob o n º 2013.01.1.054839-8, o Sindicato firmou acordo em 31 de maio, ou seja, 40 dias após o escritório ter movido o processo contra o Sindicato, de mais de R$ 1 milhão, para pagamento da dívida em 6 parcelas de R$ 180 mil, recurso esse também bloqueado direto na fonte, ou seja na SES.
Como foi questionado pela procuradora do MPT, Marici de Barros Pereira, em entrevista à Globo, é de se estranhar que o Sindicato, com uma arrecadação mensal de R$ 1,2 milhões, tenha problemas financeiros. Resta saber se a entidade terá dinheiro para manter a greve e para se sustentar. Mas circula nos bastidores que o ex-presidente do Sindicato, Antônio Agamenon, voou para São Paulo para tentar buscar recursos e que a CUT-DF já está mobilizada para tentar uma negociação para tirar o SindSaúde do buraco.