Um desenho feito por um menino de 6 anos revelou que ele teria sido abusado sexualmente na Escola Parque 210 Norte. Segundo informações da Polícia Civil, que investiga o caso, o menino tem aula no local onde o crime teria ocorrido apenas às terças-feiras à tarde e a criança teria feito o desenho para a diretora da instituição que ele frequenta nos outros dias da semana.
O crime ocorreu na semana passada, mas há relatos de que outras crianças podem ter sido molestadas. A Secretaria de Educação disse estar prestando todo o apoio à família. As diretoras dos dois colégios não querem se pronunciar sobre o caso. Já a Delegacia da Criança e do Adolescente afirmou que só vai comentá-lo ao fim das investigações.
A mãe do menino também não quis falar com a imprensa, mas segundo relatos de outras mães de alunos, ela relatou o ocorrido a outros pais e disse que desconfiou do comportamento do garoto quando foi buscá-lo na escola, porque ele pedia para ir embora logo, insistia que queria tomar banho e dizia que não queria voltar mais ao local. Durante o banho, ela verificou que o pênis da criança estava machucado e o levou ao médico. O hospital constatou as lesões e encaminhou a família para o Instituto Médico Legal.
Recorrente – Outra mãe de um colega da vítima, que também prefere não se identificar conversou com Câmara em Pauta e relatou que está insatisfeita com a condução do caso e com a tomada de providências e que há indícios de que houve outros casos. “Há suspeitas de que os mais novos sofram abuso sexual praticado pelos alunos mais velhos, como o de uma criança que entrou no banheiro e outro mais velho esmurrou a porta e uma faxineira chegou impedindo que algo pior acontecesse”, disse.
Ela contou que fez denúncia ao disque 100 e à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e que não tem levado o filho à Escola Parque às terças. “Lá ele só retorna, quando eu me sentir segura de que providências reais e eficazes estão sendo tomadas”, disse. Há vários relatos de que os pais das outras crianças decidiram não deixar que os filhos frequentem a Escola Parque 210 Norte, até que a situação seja solucionada, para além de chamar o Conselho Tutelar.
Já o menino violentado estaria frequentando as aulas, mas a mãe, que se mudou com a criança recentemente para Brasília, não tem levado o garoto, porque teria se assustado com a repercussão entre os pais das outras crianças e, segundo uma mãe de uma colega do garoto, estaria "horrorizada". “Ela me disse: ‘Poxa, eu vim para cá para poder tentar a minha vida, para poder crescer, para poder dar um conforto para o meu filho e acontece uma coisa dessas?’. Foi um horror. Estamos indignados”, falou.
Desenho – Segundo outra mãe de colega do menino, que também não quis ser identificada, o garoto não conseguiu contar a história para ninguém e usou um desenho feito para a diretora da escola para mostrar todos os lugares por onde ele e o agressor teriam passado. Segundo ela, as suspeitas são de que a criança tenha sido agredida por um estudante, durante o intervalo.
Segundo a mulher, a mãe da vítima relatou como as coisas podem ter acontecido. “A gente acredita que tenha sido no intervalo, porque ele estava lanchando no refeitório quando esse outro menino [o suposto agressor] chegou puxando o cabelo dele. Para se defender, ele correu para a área externa da escola, onde ocorre a educação física. Chegando lá, ele pediu a ajuda de coleguinhas e depois correu de novo, para dentro da escola, na direção do auditório. Aí o outro garoto o segurou e fez o que fez”, disse.
Ela disse ainda que acredita que o agressor também precisa de ajuda. “Também me preocupo com esse outro garoto, porque a gente não sabe pelo que ele passa, o que vê em casa. Ele também pode estar sofrendo abuso e a gente não sabe. Ele também precisa ser ajudado”, disse.
Escola – A Escola Parque 210 Norte atende 2,4 mil alunos entre 6 e 11 anos de 11 colégios, que estão cursando do 1º ao 4º anos. Nas terças, a instituição recebe crianças de três unidades para a prática de atividades físicas e artísticas, como música e teatro.