Em operação realizada nesta quarta (15) a Polícia Federal desarticula uma quadrilha de tráfico internacional que trazia pessoas de Bangladesh para trabalhar em situação análoga à escravidão no Distrito Federal. A operação Liberdade tem como foco uma quadrilha composta por estrangeiros de Bangladesh que segundo a polícia, aliciavam conterrâneos com falsas promessas de salários para trabalhar na construção civil.
Três estrangeiros sem documentos foram encontrados em Samambaia e levados para a superintendência da PF em Brasília. Segundo a polícia, eles estariam sendo arregimentados por pequenas construtoras, subcontratadas por empresas maiores, uma delas a empreiteira MRV. A polícia suspeita que alguns dos trabalhadores estrangeiros podem estar sendo usados em projetos do Minha Casa Minha Vida. Em abril quatro imigrantes ilegais de Bangladesh foram presos em Mato Grosso do Sul tentando entrar no país com documentos falsos com a promessa de empregos melhores do que em seu país.
A Justiça Federal de Brasília expediu 14 mandados judiciais de busca e apreensão; 60 policiais federais participam da operação realizando buscas nas residências dos investigados e nos alojamentos onde estão os estrangeiros. Segundo as investigações, os aliciadores prometiam salários entre US$ 1 mil e US$ 1,5 mil para trabalho na construção civil e cobravam até US$ 10 mil pela imigração ilegal.
As vítimas ingressavam no Brasil ilegalmente, pela Guiana Inglesa, Peru e Bolívia. A situação migratória das pessoas traficadas era regularizada por meio do pedido de refúgio.
MRV – Em janeiro deste ano, a Caixa Econômica Federal decidiu suspender o recebimento e a contratação de novas propostas para financiar empreendimentos da MRV Engenharia, que teve uma filial incluída na chamada "Lista Suja", que arrola os empregadores que mantêm relação trabalhista em condições análogas ao trabalho escravo. A MRV é uma das maiores empresas do setor de construção dentro do Programa Minha Casa Minha Vida.
A Caixa informou a decisão através de nota e afirmou que os contratos já firmados seriam mantidos e que será mantida a normalidade, tanto na liberação das parcelas, quanto no financiamento para os adquirentes das unidades habitacionais.
O cadastro de maus empregadores foi instituído por portaria interministerial em maio de 2011 e é atualizado semestralmente. Atualmente, 410 empresas constam no cadastro, e a exclusão está condicionada ao pagamento das multas resultantes da ação fiscal e da comprovação da quitação de débitos trabalhistas e previdenciários.
A incorporadora entrou no Cadastro de Empregadores e tem financiamentos da Caixa suspensos duas vezes. No fim de 2011, a MRV já havia respondido por não cumprir normas de segurança e medicina do trabalho em serviços executados por empregados terceirizados em obras no interior de São Paulo.
As informações são do jornal O Globo e do Capital News.