A imunização contra o vírus papiloma humano (HPV) de meninas entre 11 e 13 anos que tenham autorização dos pais para receber a vacina começa a ser feita nesta segunda (1º) nas escolas públicas do Distrito Federal. A meta é imunizar 64 mil meninas contra quatro tipos do vírus e o GDF estima investir até R$ 13 milhões na vacinação contra o HPV, que é a principal causa do câncer de colo de útero e está em quarto lugar no ranking de mortes por câncer em mulheres na capital do país.
GDF fez o lançamento da campanha no dia 8 de março, no Centro de Ensino Fundamental 01, na Estrutural. Segundo o secretário-adjunto de Saúde, Elias Miziara, a faixa etária foi escolhida com base em pesquisas que mostram a época como ideal por ser anterior ao início da vida sexual. “Temos estudos que mostram que nossas meninas começam a ter as relações depois dos 15 anos aqui no DF. A ideia é vaciná-las antes disso e termos uma geração livre dos tipos mais prevalentes que incidem no câncer de colo de útero”, afirmou.
Cada menina entre 11 e 13 anos irá receber três aplicações da vacina ao longo de 2013 e a partir de 2014, a vacinação será exclusiva para meninas de 11 anos. Cada dose tem custo individual estimado em R$ 72,50.
Em setembro, A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou um projeto de lei que propõe que o Sistema Único de Saúde (SUS) ofereça a aplicação da vacina a meninas entre 9 e 13 anos, mas esta proposta ainda será analisada pela Câmara dos Deputados.
HPV – Miziara lembra que há mais de 120 variantes do vírus, mas apenas 15 deles estão relacionados ao desenvolvimento de câncer de colo de útero. A vacina pretendida pelo GDF age contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros não estão relacionados à doença. Já os últimos correspondem a 80% dos casos.
O secretário afirmou ainda que ao menos 90 mulheres morrem todos os anos no DF, vítimas desse tipo de câncer. “É uma taxa muito alta. Esse índice é um absurdo. É um câncer 100% prevenível e que demora anos para desenvolver. É sinal de falha nos programas, no sistema de saúde como um todo, seja rede pública ou privada. E é uma doença cruel, não democrática, porque atinge a mulher pobre, que não tem informação da importância da prevenção”, disse.
Por meio do método, a Secretaria pretende zerar a incidência do HPV em cerca de 20 anos. O câncer de colo de útero costuma ocorrer a partir dos 30 anos. O secretário ressaltou ainda que, se fosse possível realizar o Papanicolau ao menos uma vez em todas as mulheres brasileiras, haveria redução de 50% na mortalidade. A queda subiria para 80% se o exame se repetisse a cada década.
Prevenção e tratamento – Os variantes de HPV que causam câncer de colo de útero são transmitidos exclusivamente por meio de relação sexual, de acordo com a médica. As lesões, que podem ser leves ou graves, ocorrem depois que o vírus inocula o DNA dele no de uma célula saudável. Se elas não forem cuidadas, a paciente pode desenvolver a doença em cerca de dez anos.
Testes recentes com mulheres que receberam a vacina ainda no começo mostraram que a cobertura continua alta. Não se sabe ainda se vai ser preciso reforçá-la em algum momento, e segundo especialistas, é algo que só o tempo pode dizer.
O método mais eficiente de prevenção é o Papanicolau. De acordo com a gerente de câncer da secretaria, Cristina Scandiuzzi, o exame deve ser realizado em todas as mulheres que já tiveram relações sexuais, independentemente da idade e da frequência. Após dois resultados normais, a paciente deve repetir o teste a cada três anos.
Os custos no tratamento de uma paciente com câncer de colo de útero podem ser até dez vezes maiores que os de mulheres com uma lesão pré-cancerosa – estimado entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil. Ainda assim, o abandono na rede pública é alto. A secretaria informou que até outubro do ano passado, das 662 mulheres identificadas com lesão ou com a doença, mais de 35% abandonaram o tratamento na rede pública. “Existe uma dificuldade histórica em localizar essas pacientes para tratamento, pois muitas mudam com frequência ou não fornecem os dados corretamente na ocasião da coleta do exame preventivo [Papanicolau]”, informou Cristina.