Familiares do estudante José Chaves Alves Pereira, que morreu após um disparo feito por engano por um policial militar, afirmaram nesta sexta (05) que a família vai entrar com processo judicial contra o estado e a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). O corregedor da corporação, coronel Erich Meier, avisou que a PM iria oferecer apoio em “hora oportuna”, porém pessoas que estiveram no velório nesta sexta (05) afirmaram que a família ainda não havia sido contatada nem pela PM nem pelo GDF.
Segundo Welington Chaves Pereira, irmão mais novo do estudante, a família vai buscar justiça. “Perdi a metade da minha vida. Essa pessoa tem que pegar pelo que fez”, disse. Já a cunhada do jovem assassinado, Adriana Gomes da Cruz, disse que a família deve esperar pelo menos mais uma semana para decidir como o processo vai seguir. “Com certeza vamos lutar para conseguir justiça”, afirmou.
O jovem foi enterrado nesta sexta-feira (5) no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília. Durante o velório, amigos e familiares pediram justiça, e protestaram silenciosamente usando camisetas com a foto do estudante na frente e a frase “Ter um amigo é com encontrar um tesouro. Eternamente, Ligeirinho” nas costas. Ligeirinho era o apelido que o estudante recebeu de amigos com quem jogava futebol.
Na sexta, o delegado Marcelo Portela, da 24ª DP, informou que o policial que atirou em Pereira será indiciado por homicídio doloso pela morte de José Chaves e por tentativa de homicídio dolosa, pelo tiro que atingiu de raspão a jovem Karla Pamplona, que dirigia o veículo. “Vamos esperar o resultado dos exames periciais para fazer o indiciamento”, disse Portela.
Já o coronel Meier afirmou que os três policiais envolvidos na ocorrência foram afastados das funções na quinta (04) e que estão abalados com o que aconteceu. Os três já foram ouvidos na corregedoria, entregaram as armas e estão sendo acompanhado por psicólogos e assistentes sociais da PM. O comandante-geral da Polícia Militar do DF, coronel Suamy Santana, afirmou que o caso será apurado com rigor.
Para o governador Agnelo Queiroz, a morte do jovem “não mancha a imagem da corporação que tem 15 mil homens na ativa, que é preparada e tem feito preparo de forma exemplar em relação à Copa das Confederações”, disse. Agnelo disse ainda que vai prestar todo apoio legal e jurídico à família da vítima. “Essa pessoa que responde por [um] despreparo absoluto e absurdo desse [é] que deve ser condenada com veemência por nós, nosso povo. [Isso] que chocou toda a cidade não pode ser atribuição de toda corporação”.
Entenda – O estudante universitário morto e dois amigos voltavam da faculdade quando o carro em que estavam foi atingido. Segundo a PM, o veículo foi confundido com um carro usado para cometer crimes em Ceilândia. O incidente foi quarta (03), na BR-070 e Pereira foi levado em estado grave ao Hospital de Base, mas morreu nesta quinta (04).
De acordo com a estudante Karla Pamplona, que dirigia o veículo atingido, o suspeito de disparar o tiro que matou por engano o estudante de administração José Chaves Alves Pereira ficou “desesperado” após perceber o erro. O rapaz foi atingido na cabeça, após a bala ferir Carla de raspão. “Eu só escutei o tiro. Quando eu vi, meu amigo caiu no meu colo. Aí eles (policiais) pararam atrás. Quando o policial me viu, já entrou em desespero e começou a falar ‘Meu Deus o que eu fiz, o que aconteceu?’”.
O coronel Marcilon Back, comandante do 16º Batalhão da PM, onde os policiais estão lotados disse que a viatura sinalizou para que o carro onde estavam os estudantes parasse, mas o estudante Michel de Oliveira, que estava no banco de trás do carro e não foi atingido, disse que questionou o policial quando desceu do veículo. “Eu perguntei a ele: ‘Por que vocês fizeram isso? Vocês não deram ordem de parada, não avisaram para a gente parar ou alguma coisa do tipo.’ Ele pediu desculpas para mim e falou que o nosso carro tinha as mesmas características de um carro que tinha sido roubado em Ceilândia. Essa foi a justificativa que eles deram para a gente”.
Pereira tinha 27 anos, era casado, tinha duas filhas e a mulher dele está grávida de oito meses. O corpo do rapaz foi enterrado velório dele acontece nesta sexta (05) às 12h, no Cemitério Campo da Esperança.
Com informações do G1.