Após intervenção, GDF anuncia reforço em linhas do transporte coletivo

Publicado em: 05/03/2013

O GDF informou que a partir desta segunda (04) colocou nas ruas mais 50 ônibus para reforçar o transporte coletivo no Paranoá e São Sebastião. O aumento da frota acontece uma semana após o governo assumir o controle administrativo, operacional e financeiro das três empresas de transporte do Grupo Amaral, que para o jornalista Chico Sant’Anna, tem ares de “recuperação econômica” do grupo, com recursos do governo. Já o Jornalista Cláudio Humberto afirmou que o dono do grupo, Dalmo Amaral, fez ameaças ao governador e ao vice-governador, por conta da intervenção. 

Segundo o governo, a oferta de ônibus passou de 45 para 80 veículos em São Sebastião. No Paranoá, havia 35 ônibus circulando. A partir desta segunda, serão 50 veículos. O GDF resolveu intervir na empresa após constatar que os coletivos que deveriam prestar serviço para o DF, estavam sendo desviados para cidades do Entorno.

 

Segundo a Companhia de Transportes Coletivos de Brasília (TCB), a manutenção dos veículos está sendo feita e, dos 446 ônibus das três empresas, pelo menos 140 não podem ser recuperados e não voltarão às ruas. Na garagem, já foram recebidos 163 pneus, mas serão necessários pelo menos mil unidades para atender a demanda. O Grupo Amaral tem uma das maiores frotas de ônibus do DF, com uma frota que chegou a 1.400 veículos, mas atualmente apenas 200 estão operando.

 

As linhas de ônibus de Ceilândia e Taguatinga que não estavam sendo aproveitadas pelo Transporte Urbano do DF (DFTRans) serão remanejadas e há previsão de oferecer mais ônibus até o final da semana para os moradores do Vale do Amanhecer, em Planaltina e em Sobradinho. O deslocamento da frota entre cidades é previsto em lei e foi definido com base na necessidade da população, informou a companhia.

 

Intervenção – No último dia 25, o GDF publicou decreto no Diário Oficial do DF, revogando as permissões de prestação de serviços de transporte coletivo de empresas do Grupo Amaral, por conta do descumprimento de acordo a respeito do serviço oferecido.  Enquanto as empresas estiverem impedidas de atuar, o governo assume os serviços e a medida não tem prazo para acabar.

 

Os principais problemas constatados pelo governo são relacionados com a quantidade de ônibus em circulação e com a manutenção dos veículos. Uma fiscalização do DFTrans alguns dias antes da revogação constatou que 186 ônibus do grupo estavam em circulação, quando o número deveria ser de 350.

 

A revogação atinge as empresas Rápido Brasília, Rápido Veneza e Viva Brasília, que atuam em Sobradinho, Paranoá, Planaltina, Itapoã e São Sebastião e atendem a cerca de 2,5 milhões de pessoas por mês, o que representa entre 13% e 15% do transporte coletivo do DF, segundo o secretário de Transportes do DF, José Walter Vazquez.

 

Denúncias – No último dia 13, por causa de denúncias de que as empresas do Grupo Amaral estavam descaracterizando ônibus e levando os veículos para cidades de Goiás, o DFTrans havia proibido ônibus do grupo de circular fora das divisas do DF. O Grupo Amaral também não poderia retirar ou substituir peças e equipamentos dos veículos. “Identificamos cinco carros descaracterizados, que deveriam circular no DF, mas estavam atendendo ao Entorno. Isso é uma falta de compromisso das empresas com a população”, afirma Vazquez.

 

Mesmo diante das denúncias e dos indícios de irregularidades, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte do DF, Wagner Canhedo, classificou a decisão do governo como absurda e que ele calcula que as tarifas precisariam ser reajustadas em 50% para que o sistema se equilibre. “O sindicato é contra esse absurdo que o governo está fazendo de intervir, porque é ele mesmo quem está causando essa descontinuidade e esse mau serviço prestado pelas empresas com o congelamento da tarifa há sete anos”, disse.

 

Ameaça – O jornalista Cláudio Humberto publicou em sua coluna que o dono do Grupo Amaral, Dalmo Amaral ameaçou o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz e do vice, Tadeu Filippelli (PMDB), após o GDF assumir o controle de três empresas que prestam serviço ao transporte público do DF. Segundo o jornalista, por conta da ameaça, a segurança do governador e do vice foi reforçada. Dalmo Amaral teria demonstrado irritação com a intervenção do governo e se referiu a “contas a ajustar” com Fillippelli.

 

Ainda segundo a coluna, em comunicado, o GDF afirmou que ao menor movimento, o empresário será preso. O secretario de Transportes José Walter Vasques, e o presidente da TCB, Carlos Alberto Koch também estão sob proteção da polícia.

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