Segundo informações do Departamento de Transito do Distrito Federal (Detran-DF) a frota do Distrito Federal tem um aumento diário de quase 600 automóveis, com o emplacamento de cerca de 588 carros por dia. Até outubro deste ano, o número total de veículos já chegava a 1.391.029. O especialista em políticas públicas de transportes e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Artur Moraes, alerta que o crescimento deve continuar e, se nada for feito, entre cinco a dez anos, o trânsito vai parar na capital.
Arthur afirma que não é possível que o trânsito absorva a frota que entra em circulação diariamente e que o problema de Brasília é que, devido à deficiência no transporte público as pessoas querem andar de carro, mas não há espaço nas ruas, por mais que o gestor queira satisfazer essa vontade do cidadão. “Esse modelo não deu certo em nenhum lugar do mundo, não dará em Brasília, e isso só vai ser mudado quando a cidade parar de vez. Hoje a pessoa leva uma hora para chegar ao trabalho e deixa o carro parado por dez horas. Então a cidade não comporta mais ficar fornecendo espaço para a pessoa se locomover de carro”, afirma.
O especialista ressalta ainda que não adianta fazer mudanças nas vias públicas, como ampliação ou inversão de sentido como medidas para melhorar o trânsito. “Isso não funciona mais, você faz a mudança hoje e daqui um ano está tudo engarrafado de novo”, afirma. Ele cita como exemplo algumas obras realizadas em vias do DF, mas que não resolveram os problemas de Trânsito: na BR-020 que liga o Plano Piloto a Sobradinho, região administrativa do DF, foram construídos os balões do Tordo e do Colorado, além da ampliação das pistas, mas a rodovia continua sofrendo com os congestionamentos; na EPTG (Estrada Parque Taguatinga) as pistas foram alargadas, mas ainda fica engarrafada; na Estrutural foi estabelecido o sentido único nos horários de pico, mas o problema também não foi resolvido.
Para o DF, o pesquisador também não acredita que sejam adequadas medidas como pedágios ou rodízios para restringir a circulação de veículos e aponta o reforço na fiscalização dos estacionamentos irregulares, principalmente na área central de Brasília, como um dos principais meios de reduzir o tráfego na capital. “Ou o GDF (Governo do Distrito Federal) faz uma política decente que privilegie o transporte público e o transporte não motorizado, como diz a Lei de Mobilidade Urbana, ou toda a área verde de Brasília será transformada em estacionamento. Brasília é uma das poucas cidades do Brasil que se permite que o motorista estacione do jeito que quiser. Então é preciso punir esses infratores”, afirma.
Transporte público – Outra maneira de enfrentar o problema seria o aumento de investimentos no transporte público na capital. Segundo Moraes, o primeiro passo é concluir a licitação dos novos ônibus, que é prometido há vários anos pelo governo. A segunda providência é a elaboração de um marco regulatório para melhorar os contratos que são firmados com as empresas de transporte coletivo. “É preciso privilegiar o transporte público. Os ônibus precisam de faixas exclusivas, eles não podem dividir espaço com os carros”, diz.
Como tentativa de melhorar o transporte público, o GDF trabalha na licitação para renovar toda a frota do DF. O governo espera que até julho do ano que vem, 2,6 mil novos ônibus comecem a circular e a previsão é que as empresas escolhidas comecem a operar sem reajustes nos preços das passagens. A principal mudança prevista pelo edital de licitação está na contratação por bacias. O edital vai selecionar empresas para gerenciar cinco bacias que, juntas, abrangem toda a área urbana do DF.
Os vencedores serão responsáveis por atender a exigências como cumprimento de itinerários, pontualidade, número mínimo de veículos em horários de pico e especificações do veículo, como bancos estofados e piso antiderrapante. Caberá ao governo fiscalizar e cobrar as determinações. O edital exige que 100% da frota seja composta por veículos 0km, atenda a normas de sustentabilidade e de acessibilidade e utilize combustível que reduza em 30% a emissão de poluentes.
As informações são do R7.