Já são onze atestados apresentados em um ano pela ginecologista e obstetra Eide Reis servidora da Secretaria de Saúde do Distrito Federal para se afastar do trabalho na rede pública de saúde, mas segundo denúncia veiculada em câmera escondida na TV Record, ela está atendendo normalmente numa clínica particular de Formosa, no Entorno do DF. Na reportagem, uma funcionária confirmou que a médica estava atendendo no local. Enquanto isso, partos acontecem sem assistencia pelo DF. Somente essa semana, foram três, sendo um deles no banheiro da unidade de saúde em Ceilândia.
Segundo o atestado médico mais recente, Eide Reis está de licença médica na secretaria desde o dia 5 de novembro porque passaria por uma gravidez de risco. Segundo informações da SES-DF, Eide é a única ginecologista do Centro de Saúde V, em Planaltina e de acordo com o Conselho de Saúde da cidade, as pacientes estão sendo prejudicadas com a ausência da médica, já que precisam se deslocar para outros centros de saúde.
Repouso absoluto – A médica foi procurada pela TV, não gravou entrevista, mas disse que está doente e em repouso absoluto. Porém segundo a secretária da clínica particular, a ginecologista trabalha todo dia no local e é difícil marcar a consulta porque a agenda dela é cheia. Ainda conforme a secretária, a consulta custa de R$ 100 a R$ 150, mas a médica aceita convênio para os partos que estão sendo feitos em dois hospitais de Formosa e um deles, a recepcionista disse que a ginecologista tem agendado os partos.
As imagens da câmera escondida da Record mostram inclusive o momento em que Eide passa pelo corredor. No dia seguinte quando a equipe de reportagem voltou à clínica procurando por Eide, a secretária confirmou que a ela está atendendo normalmente e que já tinha uma paciente à espera da médica. Minutos depois, a gerente da clínica chega e diz que a ginecologista não está atendendo porque está de atestado.
SES-DF – O corregedor da Secretaria de Saúde, Maurício Passos, disse que uma investigação sobre o caso foi iniciada há cinco meses. “Uma vez constatado que ela realmente prestou algum tipo de informação falsa, ela pode ser processada administrativamente. Além disso, vamos acionar o Ministério Público para que inicie o processo penal. Então ela pode ser demitida e processada criminalmente”, afirmou.
Para o promotor de Defesa dos Usuários da Saúde Diaulas Ribeiro, médicos podem ficar doente, mas Eide estaria extrapolando. “Nesse caso, a doença tem uma certa conveniência, ela adoeceu para a rede pública e está sã para a rede privada. Então há um desvio de conduta. Confirmada a denúncia, essa médica será, sim, processada pelo Ministério Público e vamos investigar quem expediu os atestados médicos”, afirmou.