Homem apresenta à Justiça certidão do irmão, que vai preso em seu lugar

Publicado em: 01/10/2012

Elidângelo de Pinho Silva e Elissandro de Pinho Silva são irmãos. O primeiro foi preso acusado por tráfico de drogas em Brasília, mas como cumpria pena em liberdade por outro crime, apresentou à polícia a certidão de nascimento do irmão, que mora no Acre, ao ser preso, foi condenado e cumpriu quatro anos de pena no Complexo Penitenciário da Papuda. Em dezembro do ano passado, Elidângelo conquistou direito ao saidão, por bom comportamento e não voltou mais. Quando o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) emitiu mandado de prisão para buscar o homem no Acre e quem foi preso, foi Elissandro, que foi trazido para o DF e está na Papuda desde janeiro. 

O problema foi descoberto por uma amiga da família, Nina Barros, que contou que o filho também cumpriu pena por tráfico de drogas no mesmo presídio e que ela reconheceu Elissandro em um dia de visitas. “Passei a visitar os dois na prisão e continuo vendo Elissandro uma vez a cada 15 dias, mesmo depois que meu filho foi solto”, conta Nina, que é a ligação entre o rapaz e a mãe dele, que mora no Acre e, mesmo sem se conhecer, as duas ficaram amigas e segundo a moça, elas se falam todos os dias por telefone. 

Na semana passada o juiz Ângelo de Oliveira determinou que o nome de Elidângelo passe a constar como condenado e, ao mesmo tempo, mandou que Elissandro seja levado de volta para o Acre, uma vez que não existe vínculo nenhum dele com a justiça do DF. No Acre, a juíza Luana Campos quer uma audiência urgente entre os dois para resolver todas as dúvidas sobre a real identidade do condenado. Elidângelo está preso por tráfico no Acre, segundo a mãe dos dois irmãos, Raimunda de Pinho Silva.

Danos irreversíveis – Segundo o advogado João Paulo Todde Nogueira, da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF), a decisão deveria ter sido tomada há mais tempo e os problemas gerados podem ser irreversíveis. “Tinha que ter acontecido lá atrás, quando o homem errado foi para a cadeia. As digitais deveriam ter sido colhidas na hora para sanar qualquer tipo de dúvida”, afirma. 

Segundo Nogueira, mesmo inocente, Elissandro deve voltar para a terra natal e continuar preso até que tudo fique devidamente esclarecido. “A Justiça do DF não passa nenhum detalhe sobre o trajeto e datas. Ninguém sabe como e quando a viagem será feita, mas de um jeito ou de outro a gente sabe que essa história começa a ser esclarecida”, diz o advogado. 

Elissandro, que tem esposa e seis filhos no Acre, quer voltar para casa e segundo Nina, é um misto de ansiedade, tristeza e esperança. “Qualquer um na situação dele ficaria confuso”, afirma. 

As informações são da TV Record.

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